Análise ao Plantel: Avançados e Pontas de Lança

Cardozo: Não me enganei! Quem vem rotulado de craque, raramente engana. Desnecessários eram, os que vieram como “quer 1, paga e leve 2” de cada vez que o Benfica foi comprar um jogador de qualidade à Argentina. Mostrou que tem um pé esquerdo devastador, e ficou-se pelos 22 golos apenas porque Camacho muitas vezes não apostou no jogador, e a equipa também não deu para muito mais. Dizem que o Newcastle ofereceu 25M€, no mercado de Inverno, pelo jogador. Uma oferta que mesmo atendendo à qualidade do jogador, provavelmente não seria de desprezar. Mas provavelmente tendo em conta as suas características poderá bater os recordes de encaixe financeiro por venda do passe de um jogador. Pelo menos os do Benfica... Espero que não havendo qualquer proposta galáctica, fique no Benfica, onde com uma equipa que pratique melhor football que o praticado esta época (e não será difícil) certamente marcará mais golos.

Nuno Gomes: Mais uma época muito abaixo do que se espera do Nuno Gomes. É inegável que o seu rendimento não é aquele que um avançado do Benfica deve ter. O avançado Português atravessa quanto a mim, uma crise de confiança sem precedentes. Porque quem viu a agressividade e acutilância do ataque às redes adversárias, no principio da sua carreira, não imaginaria que neste momento o jogador tivesse tamanha dificuldade na altura de tão simplesmente enfiar a bola na baliza adversária. Já tenho dito, que se o football não tivesse balizas, Nuno Gomes seria certamente dos melhores avançados do mundo, pela sua inteligência e a sua vontade de trabalhar em equipa. Mas é preciso mais que isso. Não jogou a favor, que a equipa tenha rubricado exibições medíocres durante a época, porque sendo Nuno Gomes um jogador de e para a equipa, são eles que mais rapidamente acusam a falta de competência do colectivo. Dito isto, pelo que significa para o clube, pelo que já fez, e pelo que acredito que ainda possa fazer numa equipa competente, espero que fique no Benfica, que renove e possa acabar aqui a carreira, com melhor rendimento do que aquele que tem apresentado.

Makukula: Foi uma contratação que não teve o rendimento que eu esperava. Porque até previ a sua vinda, e elogiei o avançado não fazia agora sentido estar a criticar a sua qualidade. Tem características apropriadas ao modelo que supostamente o Benfica vai adoptar, o 4-3-3. É um jogador seleccionável, e que tem quanto a mim algo a dar ao Benfica. Como não vai ao Europeu, é provável que não seja um jogador apetecível no mercado, pelo que o Benfica para rentabilizar o investimento, deverá procurar mantê-lo no plantel, e tirar maior rendimento de Makukula para o ano.

Mantorras: Mantorras é o nosso special one! Porque a avaliação à sua performance não pode estar apenas e só ligada ao seu rendimento, e a critérios meramente racionais, logo é um caso especial, no sentido literal. Não sei qual é a avaliação clínica de Mantorras, se pode ou não jogar realmente e sem compromissos, jogos inteiros. Dizem que não, vamos admitir que é verdade. O que observo é que nos momentos em que Mantorras consegue jogar, mostra ser avançado, em concepção e em pureza. Num plantel existem sempre os jogadores menos utilizados, que não ganhando um lugar no onze, aparecem na equipa com o decorrer do jogo, se Mantorras não pode ser o titular, então que seja a eterna alternativa. Porque como alternativa, marca golos importantíssimos, porque como alternativa é mais popular entre os adeptos que o titular, e porque como alternativa gosto de Mantorras a jogar à bola. Que fique então até quando quiser.

Bergessio: Acho que o melhor momento de Bergessio no Benfica, foi quando o compararam a Lisandro ao dizer que no Porto se tem mais paciência com os jogadores. Foi de resto o melhor elogio que lhe podiam fazer, porque não tem nem por sombras o talento de Lisandro. Lisandro sempre mostrou ser um bom jogador, coisa que Bergessio nunca mostrou, porque não tem categoria para isso. Comparar um jogador com qualidades, e ainda por se afirmar, como era Lisandro na sua primeira época de Porto, com um jogador que não tem, nem terá, categoria para jogar no Benfica, foi mais um daqueles lugares comuns no football português. E é perfeitamente irrelevante que lá consiga marcar um ou outro golo, no clube que o adquiriu ao Benfica. Ainda bem que o Benfica conseguiu recuperar algum do mau investimento que fez.

Análise ao Plantel: Médios Ofensivos, Alas, Extremos

Rui Costa: O que mais se pode dizer do maestro? É um jogador de uma dimensão técnica, e inteligência doutra Liga. Apenas alguém com tamanho carinho ao Clube, voltava para o Benfica nesta altura, prescindindo de jogar no Milan. Fez uma época boa, houve jogos em que parecia o único a querer jogar à bola, e apesar de ter perdido gás no final, acabou a carreira num jogo onde demonstrou toda a sua categoria desportiva e humana. Dizem os pseudo-intelectuais que Rui Costa não corria nem era combativo, eu respondo que nunca foi. Nunca foi um jogador capaz de grande quilometragem, nem nunca foi um jogador de contacto defensivo. Mas é um lugar comum, dizer que qualquer jogador com mais de 30 anos, está a perder as suas qualidades. Sempre avaliei um jogador pelo que joga, e não pelo seu Bilhete de Identidade. Rui Costa podia ainda dar mais umas épocas ao Benfica, mas a verdade é que no contexto actual do clube, faz mais falta ao Benfica como director desportivo. Acredito que vai fazer um bom trabalho.

Rodríguez: É um excelente jogador. Forte, rápido e combativo. Alia às capacidades físicas, boas capacidades técnicas, até no jogo aéreo. Devido às suas características pode jogar em diversas posições de ataque e meio-campo. Foi dos jogadores mais importantes do Benfica este ano. Apesar de apresentar uma maturidade e adaptação assinaláveis, precisa de dominar as decisões em relação ao momento de passe e finta, perdeu-se muitas vezes em fintas desnecessárias, quando já tinha conseguido criar desequilíbrios. Precisa, como ala, de conseguir criar mais condições para tirar cruzamentos. Dito isto, espero que o Benfica possa manter este jogador, ainda que sem comete loucuras. Não me vou pronunciar sobre as declarações que terá feito recentemente sobre o F.C. Porto, por não saber da credibilidade das mesmas.

Di María: Temos aqui um jogador com capacidade para ser dos melhores do mundo. Basta que encontre no Benfica técnicos capazes de exponencializar todo o seu talento. Terá sido dos jogadores mais prejudicados pela era Camacho, uma vez que nada progrediu enquanto o treinador espanhol estava no Benfica. Foi um jogador que a titular teve algumas dificuldades em render, mas que geralmente quando entrava com a partida a decorrer conseguia regra geral, provocar desequilíbrios. Com Chalana jogou a extremo e segundo avançado. É um diamante em bruto, por isso espero sinceramente que fique no Benfica muito tempo, e que os responsáveis técnicos consigam tirar deste jogador todo o rendimento que o seu talento lhe merece.

Adu: É case study! Numa altura em que as soluções de qualidade não abundaram, o internacional americano nunca teve muitas possibilidades, nem quando Chalana assumiu o controlo da equipa. No entanto pela sua selecção ia rubricando exibições de luxo. Apesar de não ter o talento que reconheço a Di María, era pelas suas capacidades de acutilancia atacante, uma boa solução até como segundo avançado. Não creio que deva ser utilizado a ala ou extremo, porque demonstrou nos poucos jogos que lhe vi, ser um jogador com grande killer instinct, apesar de não ter a estampa física mais tradicional para avançado, pode na minha opinião vir a ser um goleador. Espero que faça parte do plantel, e que seja mais utilizado para o ano.

(Mais) Uma razão para detestar Lisandro

Quem me conhece sabe que dispenso mais tempo na blogosfera que a ler jornais desportivos. Os blogs tem tido um grande desenvolvimento, e contam hoje com muito maior conteúdo que os jornais. Sempre que possível irei inserir links para notícias, crónicas e textos que me pareçam de interesse. Neste caso por um conteúdo menos técnico, mas muito cómico, (Mais) Uma razão para detestar Lisandro, no blog A Ilíada Benfiquista.

Análise ao Plantel: Médios Defensivos, Médios Centro e Médios Interiores

Petit: Não teve uma boa época, mas foram vários os factores que contribuíram para isso. Primeiro as várias lesões, e depois as dificuldades de um sistema em que Camacho cortava as potencialidades de Petit. Os adeptos rapidamente começaram a apontar o dedo a Petit, esquecendo-se de tudo aquilo que ele já fez pelo clube. Petit terá sido a seguir a Simão, o mais influente jogador, nas conquistas do passado recente do Benfica. Para mim é dos melhores da Europa na sua posição. É um jogador incansável, que consegue tapar muitos contra-ataques adversários, e sabe pressionar, e escolher a altura do pressing como ninguém. Mas é também um jogador com muita capacidade técnica, recebendo e entregando sempre bem, raramente falha passes, e tem uma boa meia distância. Para mim é um jogador do núcleo duro, que espero sinceramente que acabe a carreira no Benfica, e que seja melhor tratado e mais acarinhado pelos adeptos.

Bynia: Para mim a revelação da época no Benfica. Tivemos boas contratações, mas Bynia foi o que veio com um currículo menos recheado, e foi por isso a maior surpresa. É para mim o símbolo da prospecção do Benfica, e o principal e talvez único legado positivo que Camacho nos deixou. Supostamente no inicio da carreira foi também médio organizador, pelo que além da posição de médio defensivo, pode também render a interior. Foi ao longo da época o único capaz de suprir a ausência de Petit, pela sua disponibilidade física e combatividade em campo. Trouxe para a equipa até a possibilidade nova de criar perigo através de centros provenientes de lançamentos laterais. É além disso um jogador com predicados técnicos muito superiores a jogadores que tiveram semelhantes atributos físicos e funções no plantel, nos últimos anos, como Beto e Fernando Aguiar. Teve no entanto uma agressividade excessiva, e que precisava de ser melhor regulada. Não contribuiu positivamente para isso, a desculpabilização que Camacho fez à entrada sobre o jogador do Celtic. Teve também muitos jogos tapado, por jogadores que quanto a mim não terão a qualidade do Camaronês. Um jogador a manter, e que espero que tenha um papel mais influente na equipa para o ano, porque potenciado, pode quanto a mim ser um grande jogador.

Katsouranis: Não obstante possuir dotes de finalização, aparecer bem no jogo aéreo ofensivo, e ter um boa capacidade de tackle, apresenta grandes dificuldades na dinâmica de jogo, sendo muito posicional, e pouco solicito a compensações. A um médio defensivo pede-se que consiga sempre tirar espaço ao meio campo adversário, mas como é pouco prestável fisicamente acaba sempre por dar espaço em demasia. Teve uma época muito apagada, onde misturou jogos medíocres com péssimas exibições. Houve jogos onde falhou passes simples de mais para serem falhados em alta competição. Depois houve aquele desentendimento com Luisão, que apenas prejudicou a credibilidade da equipa e do seu balneário. Teve no entanto uma polivalência útil aquando da lesão dos centrais. É quanto a mim um jogador sobrevalorizado, bastante menos valioso do que os supostos 10M€ que dizem que o mercado estará disposto a dar pelo seu passe, e assim sendo o Benfica tem todo o interesse em deixar sair o internacional Grego.

Nuno Assis: Por ter sido utilizado muitas vezes fora do seu lugar, não tem rendido o que se esperava dele. Além disso é um jogador que faz da impetuosidade a sua maior arma, e quando não está em forma, e com pouco ritmo de jogo, tem dificuldades em mostrar as suas capacidades. É quanto a mim um razoável interior, e superior a alguns companheiros de equipa. Não tem grande possibilidade de encaixar uma verba razoável o Benfica deve manter o Português no plantel como alternativa às posições do miolo.

Maxi: Não tem qualidade para jogar no Benfica, ainda que tenha costado 3M€, por 70% do seu passe. Tem características que lhe permitem ser uma alternativa polivalente, mas não mais que isso. À excepção de alguns momentos particulares, apesar de toda a utilização que teve, nunca percebi porque tinha lugar na equipa. É de facto um jogador combativo, mas pouco mais... Espero que o Benfica consiga recuperar algum do investimento que fez no jogador, mas duvido. Também não me parece que seja um problema de adaptação, foi talvez dos poucos jogadores dos quais o Benfica tirou todo o rendimento que podia tirar. Com o Benfica a ter para o ano diversos médios defensivos de qualidade é um jogador a dispensar, ou na eventualidade de ainda termos de pagar para o levarem, poderá ficar como alternativa para defesa direito.

Felipe Bastos: Este jogador que ainda não tive a possibilidade de ver jogar, dizem ser um craque, médio defensivo com grandes capacidades físicas e técnicas. Chegou como internacional Brasileiro sub-17, e é mais uma prova da aposta do Benfica em potenciais grandes jogadores, numa altura das suas carreiras onde ainda os conseguimos aliciar a vir jogar para o Benfica. Não sei se poderá também fazer outras posições, nem se precisará de se adaptar ao nosso football, uma vez que treinou com o plantel principal durante meio ano, mas está aqui um jovem que espero que fique no plantel com papel de destaque para o ano.

Manchester Campeão Europeu

O Manchester lá foi campeão Europeu, terminando da melhor maneira uma época de sonho, onde foi realmente a melhor equipa da Europa. Cristiano Ronaldo juntou às competições ganhas, os troféus de melhor marcador na Liga e Champions, e apenas por circunstâncias estranhas falhará o troféu individual de melhor jogador do mundo.

O Manchester demonstrou que nem sempre o melhor plantel, é a melhor equipa. Afinal derrotou a nível doméstico e na Europa, o Barcelona e o Chelsea, que quanto a mim têm mais soluções de grande qualidade. Fica assim demonstrado que é importante ter um punhado de grandes jogadores, mas é decisivo ter equipa. E durante a época no Manchester, remaram todos em sintonia para o mesmo lado, os virtuosos, os galácticos, os trabalhadores, os coxos, e os assim-assim.

No jogo em si, o Chelsea, que até jogou melhor durante os 120 minutos, acabou por perder a sua primeira final, nas grandes penalidades. Quanto a mim um meio injusto mas necessário para resolver as finais. Nas grandes penalidades (quando não mete o Benfica) dou por mim a torcer sempre pela equipa que está a perder, porque considero sempre injusto para as individualidades que ficam marcadas por falhar o penalty. As grandes penalidades de Veloso, Baggio, etc, vão ficar para sempre na memória dos adeptos, e dos que as tentaram cobrar em situações decisivas e falharam. É das situações mais injustas do football.

Na final da Champions até deu para Cristiano falhar a grande penalidade que cobrou, mostrando mais uma vez que no melhor pano cai a nódoa. Tem razão Scolari quando diz que têm de ser a equipa a apoiar o jogador, e não o jogador a fazer a equipa.

De resto as especulações sobre o futuro de Cristiano Ronaldo fazem lembrar um outro Europeu, com a transferência de Figo. Ronaldo, que ainda tem mais 4 anos de contrato, devia ter um pouco mais respeito pela entidade patronal, ser o melhor do mundo é também ser um profissional à altura. Pode ser que por estar irrequieto no Manchester, lhe aconteça como Shevchenko, que desapareceu...

Quique Flores é o novo Treinador do Benfica

Acordo tarde, e constato que já foi apresentado o novo treinador do Benfica, Quique Flores. Tinha-me abstido de comentar, porque a imprensa todos os dias falava de um nome diferente, e nunca se consegue separar aquilo que é possível do que é completamente infundado. Foi um nome que não estava nas minhas preferências, mas também não me merece desconfiança para que o tenha considerado para um “veto”.

A verdade é que é um treinador novo e ambicioso, não se pode pressupor que venha para Portugal gozar reforma nem tão pouco passear. Certamente será o mais interessado em ser bem sucedido.

Dizem ser um treinador disciplinador, e rigoroso, além de ambicioso. É isso mesmo que se quer. Mas não posso deixar de notar semelhanças com Koeman. Espero que Quique Flores tenha ideias próprias, mas que não venha para o Benfica revolucionar a equipa, e exigir jogadores para posições onde já temos bons executantes da casa, ou como Koeman fazia, insistir em teimosias parvas. Nem tão pouco gostaria, que houvessem os “jogadores do treinador”, e os jogadores do Benfica. Acho por isso importante que Chalana fique na equipa técnica, para ajudar o treinador a perceber, que existem bons jogadores no Benfica, e que com poucas mas boas contratações para lugares chave, o Benfica será muito forte.

Podia não ser das minhas escolhas iniciais, mas é um treinador que não me causa transtorno, por isso a partir de hoje será “o meu treinador”, e é este o treinador que todos temos de apoiar. Não tenho uma opinião formada sobre Quique, por isso espero que os adeptos, tal como eu, possam dar ao treinador Espanhol a possibilidade de trabalhar, e que seja avaliado não por aquilo que não é até este momento (um conceituado treinador vencedor de títulos), mas pelo que fará pelo Benfica. Que os adeptos possam dar ao novo Treinador do Benfica, tudo aquilo que não deram a Fernando Santos. Que os adeptos encarem este novo ciclo sem qualquer tipo de desconfiança, e tal como o Treinador disse na conferência de imprensa, com muita esperança e felicidade.

Apito Final: Links para os textos da minha crónica

Finalmente consegui acabar a minha extensa crónica sobre o Apito Final. Aqui vão os links directos, e por ordem, para os diversos textos em que dividi a crónica:

Justiça Desportiva vs Justiça Civil

O Regulamento Disciplinar

Mérito e Corrupção

O Sistema

O "Sistema" não está só na Liga

O Timing

O Órgão de recurso

Consequências e Limpeza

Apito Final: Consequências e Limpeza

Já tenho dito várias vezes, que não me agradam as decisões de secretaria que intervêm com o normal funcionamento da competição. Até compreendo que tem de haver rigor na abordagem de uma competição que se quer sadia e honesta, mas fico sempre triste com este mal, talvez necessário, admito, que são as intervenções na competição por decisões administrativas e não pelo jogo dentro das quatro linhas. Fiquei triste com a despromoção do Gil Vicente, não me agrada a subtracção de pontos ao F.C. Porto e Belenenses, nem tão pouco concordo com a despromoção do Boavista.

É que eu como associo a corrupção ao factor humano, e não às instituições e clubes, o que vejo é que o Porto como instituição é “protegido” (porque acumulou pontos de vantagem mais que suficientes para a penalização), e o Boavista que me merece igual respeito e os seus adeptos, são os prejudicados, que quando escolheram democraticamente o seu presidente não lhe pediram que se fizesse valer de actos corruptos para beneficiar desportivamente o clube. O Boavista desce de divisão, num momento penoso da sua história. É que com a manutenção, a venda de alguns passes, e um orçamento muito reduzido para a próxima temporada, o Boavista podia até conseguir sair do buraco escuro onde as anteriores direcções o deixaram. Mas com esta decisão, e a demissão em bloco dos dirigentes do clube, podemos ter mais um histórico clube a desaparecer.

Há até quem apenas ficasse satisfeito com a despromoção do F.C. Porto. Não é o meu caso. Senão vejamos o que aconteceu no campeonato Italiano, que hoje é apenas uma sombra do que já foi. Os adeptos de football que seguem as ligas mais cotadas do mundo aglutinam-se à volta da Premier League, e deixam o Calcio para um terceiro plano, atrás da Liga Espanhola. O Calcio perdeu nos últimos anos, com a intervenção da justiça desportiva italiana, muita da sua força. Os castigos aplicados aos clubes, tiraram adeptos estrangeiros que se interessavam pela competitividade do Calcio, porque não existe competitividade em Itália sem Juventus, nem com o Milan a começar com um handicap desportivo de pontos negativos. Como não existe competitividade em Portugal sem um dos três grandes a competir na Superliga. Não ficava nada contente em que o Benfica fosse campeão, sem que para isso tivesse de se superiorizar ao F.C. Porto.

Os regulamentos que existem têm de ser aplicados obviamente, mas tinha preferência por medidas disciplinares bastante mais gravosas para os agentes desportivos, e menos comprometedoras para os clubes. Neste caso, sou da opinião que Jorge Nuno Pinto da Costa, Valentim Loureiro, João Loureiro, e Bartolomeu Dias deviam ser erradicados (eu sei que tal medida punitiva não está prevista nos regulamentos). Poupavam-se os clubes e adeptos a punições desportivas por situações que lhes são completamente alheias e regenerava-se definitivamente o football Português. O problema não são os clubes nem as estruturas, mas a nossa classe dirigente, que de uma forma geral limita até o potencial do nosso football, que é um dos motivos de orgulho do país.

É que afinal, tudo isto apenas desprestigia o nosso football. Independentemente das punições da CD, o mais preocupante, é que os agentes envolvidos neste processo, admitem a recepção de árbitros em casa de presidentes de clubes, e ainda ninguém veio desmentir a veracidade das escutas, preferindo para defesa, discutir a sua validade nos processos. Do ponto de vista legal, isto pode até fazer sentido, do ponto de vista de adepto, isto demonstra a falta de ética em que o nosso football tem vivido nas últimas décadas.

Análise ao Plantel: Miguelito

Por lapso esqueci-me de incluir o jogador Miguelito na análise aos defesas laterais, uma vez que o jogador não acabou a época no plantel. Miguelito sempre foi aquele jogador do qual esperava mais. Era um jogador que apreciava bastante ao serviço do Nacional e Rio Ave, e que nunca conseguiu impor-se no Benfica, ou mostrar ser alternativa de valor. Aqui o culpado é o Léo, que nunca deu hipótese a uma discussão da titularidade. A passagem de Miguelito pelo Benfica acabou por ser cinzenta, mas até era um jogador com valor. O Benfica acabou por ceder o seu passe ao Braga, onde terá certamente mais possibilidades de se mostrar, e adquiriu Sepsi, troca que também não trouxe nada de novo, porque Léo continua e continuará dono do lugar.

Sporting conquista a Taça de Portugal

Parabéns ao Sporting! A taça ficou bem entregue, o Sporting foi a melhor equipa nesta competição. Eliminou o Benfica num jogo emocionante, e venceu o Porto, campeão nacional, na final. Que não restem dúvidas quanto à justiça do desfecho do jogo, o Porto é realmente a melhor equipa de Portugal, mas o Sporting foi mais forte este jogo, e por isso mereceu erguer o troféu.

O Porto terá acusado a falta de real competição, ao ter ganho muito cedo o campeonato, e ter sido afastado prematuramente da Champions. O Sporting por ter mantido os índices competitivos elevados até ao final da temporada (com o segundo lugar em disputa até ao final, além da final da Taça da Liga, e a Taça UEFA), terá conseguido mostrar uma força anímica de conquista superior, e por isso terá conseguido diminuir a diferença de qualidade que realmente existe entre as equipas. Teve certamente a sorte do jogo, mas foi superior nos 120 minutos.

Em relação à arbitragem, foi má, como era de resto de esperar do primo de Quim Barreiros. Mas não foi pela arbitragem que o Porto perdeu. Afinal os erros foram distribuídos e o mais gravoso de todos, foi até um golo incorrectamente anulado ao Sporting. Uma arbitragem tem sempre influência no resultado (até podia acontecer que a seguir ao golo não validado de Romagnoli, o Porto conseguisse marcar dois de rajada), mas não vejo razões para o Porto ter razões de queixa quando perdeu um jogo em que o adversário foi mais forte, e onde o árbitro no global não errou mais em prejuízo do Porto.

O Sporting encerra assim uma época, onde foi bastante melhor, do que aquilo que a generalidade dos adeptos de football, e media querem reconhecer. Partiu com o menor investimento no plantel, e o mais baixo orçamento. Tinha um plantel curto, e que foi até bastante castigado em alturas cruciais por lesões. Com todas as condicionantes, ganhou a Supertaça ao Porto, conseguiu não envergonhar na Liga dos Campeões, foi a última equipa Portuguesa a cair nas competições Europeias, garantiu o acesso directo à Champions com o segundo lugar, foi à final da Taça da Liga, e venceu agora a Taça de Portugal. Tudo isto com mais jogos (destacadamente) que qualquer outra equipa Portuguesa esta época. É a confirmação de Paulo Bento como a solução e não como o problema, como muitos adeptos leoninos queriam fazer parecer a meio da época.

Duas notas negativas no entanto em relação ao espectáculo que é a festa da Taça: a fraca qualidade do relvado, e a falta de fair-play que parece começar a imperar pelas competições em Portugal.

Em relação ao relvado, parece-me que se queremos realmente ter competições profissionais de football, não são só os jogadores e treinadores que têm de ter qualidade. Eu pergunto-me se não é inadmissível que a final da Taça de Portugal, tenha um jogo com um relvado que impede os melhores jogadores de mostrarem toda a sua qualidade técnica. E depois do benefício que foi a construção dos estádios do Euro 2004, a verdade é que desde aí, a qualidade das nossas infra-estruturas existe, mas tem vindo a ser cada vez menos os palcos do football de elite em Portugal. O estádio de Faro, o de Aveiro, o de Leiria, e provavelmente o do Bessa, não farão parte dos jogos da Superliga para o ano. Sobre as condições para o football profissional, vou-me no entanto pronunciar numa crónica sobre o assunto.

A falta de Fair-Play é no entanto outro problema do nosso país. Admite-se que os adeptos e agentes desportivos possam dizer tudo sobre a legitimidade das conquistas dos outros. Por exemplo, eu pergunto-me que credibilidade e “tempo de antena” seria dado a um adepto ou agente desportivo do Chelsea, se colocasse em causa a conquista da Premier League pelo Manchester. Provavelmente ficaria a falar sozinho. Já nem falo da debandada dos adeptos do Porto das bancadas, para prestar homenagem aos vencedores da Taça, ainda que eu já tenha ido a duas finais da Taça no Jamour, onde o Benfica perdeu, para o Boavista e para o Setúbal, e tenha ficado no meu lugar a prestar a devida homenagem aos vencedores. Dou de barato que seja complicado assistir aos festejos do adversário neste caso um rival. Agora vir o Porto discutir a legitimidade da conquista do Sporting (sejam dirigentes, equipa técnica, jogadores ou adeptos), por suposto “roubo” da equipa de arbitragem, não é menos feio do que dizer que o Porto não merecia ser campeão por ser um clube corrupto. Há que saber vencer e saber perder. Os troféus este ano em Portugal, ficaram todos muito bem entregues. Com toda a legitimidade que o facto de ser Benfiquista me dá ao dizer isto, pois o meu clube não ganhou nenhuma competição oficial.

Análise ao Plantel: Defesas Laterais

Léo: É um estupendo jogador, que teria lugar nas melhores equipas das mais exigentes ligas Europeias. Não sabe jogar mal, mesmo quando a equipa rubrica exibições lastimáveis. Foi a seguir a Quim o nosso mais regular jogador, mesmo estando o seu futuro em causa, deu tudo pelo clube. É inadmissível o que a direcção tentou fazer com este jogador, que além de ser um excelente jogador, já transporta a mística Benfiquista, e é muito acarinhado pela massa associativa e claques. É um jogador indispensável no plantel, e que espero que acabe a carreira na Luz. Foi o primeiro grande desafio de Rui Costa conseguir manter Léo no clube, ainda que pelos vistos essa tivesse sido sempre a vontade do jogador. É no entanto por isso que a decisão de renovar mostra que o novo Director Desportivo tem uma independência saudável em relação à direcção.

Nélson: É complicado classificar a importância de Nélson no futuro plantel do Benfica, porque tem tanto de talento como tem de jogador problemático. São conhecidas as suas saídas nocturnas e dificuldade em manter um rendimento regular, ou mais próximo daquilo que seria de esperar num jogador com as suas capacidades técnicas. Na memória ficam aquelas portentosas exibições na primeira metade da “época Koeman”. Esta época voltou a estar no melhor e no pior. Tanto se desconcentrava e deixava os adversários livres, como já com Chalana, que lhe pedia subidas constantes, quase conseguia fazer lembrar o Nélson da primeira época no Benfica. Tem os dirigentes Benfiquistas a difícil responsabilidade de decidir sobre a cedência ou não do jogador, porque parece que até há clubes interessados, e pode o jogador render um razoável encaixe. Espero que Rui Costa, que privou com ele no balneário Benfiquista, consiga prever se Nélson vai ser apenas e só uma eterna promessa de bom jogador, e assim sendo o melhor é vender o seu passe, ou se vai atingir a maturidade humana e profissional que o possam transformar num jogador importante no futuro do Benfica. Fica a minha confiança na decisão do Director Desportivo, e o apoio a qualquer que ela seja.

Luís Filipe: Luís Filipe terá sido mais um daqueles jogadores que acusou o peso da camisola. Não mostrou ao serviço do clube as competências que lhe eram reconhecidas em Braga. Teve um inicio difícil, e a relação com os adeptos nunca ajudou. Pode até não ter categoria para jogar no Benfica, mas é um jogador bem melhor do que aquilo que demonstrou esta época. Não tem mercado, pelo que será difícil realizar algum encaixe financeiro com o seu passe. Será um jogador dispensável ou para uma segunda linha, dependendo das entradas (e saídas) de jogadores para a ala direita.

Sepsi: Rapidamente os media fizeram dele o futuro lateral-esquerdo do Benfica. Mais um caso em que a euforia foi muito maior que o real rendimento do jogador, ou que a demonstração de talento. Apesar de ter entrado bem no primeiro par de jogos que fez, não me parece que esteja à altura de ser titular no Benfica. Parece-me que o Benfica conseguiria tirar mais do jogador se o emprestasse a uma equipa de médio plano da Superliga, do que o manter completamente tapado por Léo, ou na eventualidade de Jorge Ribeiro assinar, como terceira escolha.

Ecletismo

Antes de me por para aqui a dar os parabéns a outra equipa Portuguesa que venceu uma competição nacional de football, que não o Benfica, vou mas é falar do ecletismo do Benfica. Nem tudo no Benfica esta época, foi desastroso como o football. Entenda-se por Benfica aquele clube, que é muito mais que apenas e só a sua equipa de football. O ecletismo do Benfica está bastante melhor, do que aquilo que foi num passado recente.

O destaque vai para o campeonato ganho pela equipa de Andebol, que passados 18 anos conquistou o título, numa cavalgada que dizem que foi gloriosa. “Dizem”, porque reconheço que vibro com a conquista do título, mas que o desporto Andebol pouco ou nada me diz, e não sigo a competição, para poder tecer mais comentários, para além dar os parabéns a toda a equipa. Ser Campeão é ser Campeão, e é merecedor de crédito em qualquer lado.

O Benfica foi também campeão da fase regular da Liga de Futsal. Um desporto que sigo de perto, e que adoro. Deseja-se que o Benfica possa continuar a vencer durante os “Playoff” para poder conquistar o título. Se o título do Andebol passados 18 anos foi uma surpresa agradável, o título no futsal é apenas a confirmação daquele que é indiscutivelmente o melhor plantel de futsal de Portugal. Eu diria mesmo que no futsal somos galácticos, conseguindo ter no plantel quase todos os melhores jogadores Portugueses.

A festa da Taça

Hoje é dia de final! Têm razão os treinadores de ambos os clubes ao considerar que se defrontam as duas melhores equipas. No entanto apesar de existir um super-favorito, o Porto, em minha opinião pessoal, a equipa de Paulo Bento está formatada para competições a eliminar. A minha aposta vai mesmo para a vitória do Sporting. A verdade é que nem sei explicar bem porquê, estou com um feeling...

Apito Final: O orgão de recurso

No respeitante à justiça desportiva, temos todos de estar bastante satisfeitos pelo apito ter apitado até onde apitou. Entre regulamentos disciplinares elaborados, e mal, por alguns dos agora punidos, vereadores de Gondomar no Concelho de Justiça, arguidos do apito dourado em órgãos da Federação e Liga, o Governo e o Secretario de Estado a assobiarem para o lado, o mais provável é que não houvesse capacidade para chegar onde chegou.

Se dependesse do Concelho de Justiça da FPF, nada se tinha feito no sentido de apurar responsabilidades. Na Comissão Disciplinar da Liga só se podem apurar factos relativos às equipas da Liga, mas como todos muito bem sabemos o apito dourado até começou nas divisões mais baixas do football português, que competem ao Concelho de Justiça regular. E sabe-se que até agora o CJ da FPF só recebeu recursos, e não instaurou nenhum processo.

No CJ o caricato ocorreu mesmo, com o episódio da diminuição de pena do Major, para que o mesmo não fosse obrigado a deixar o cargo de Presidente da AG. Cargo esse que ainda ocupa depois de ter sido concluído que exerceu coação sobre árbitros. Depois vieram as demissões sucessivas. De momento até já nem existem suplentes, sendo que todas as demissões que acontecerem de agora em diante, tem como consequência que o órgão fique diminuído no seu número de membros. A partir daí se deixar de haver quorum, tem de haver eleições, para o mandato de uma nova lista para o CJ, e as decisões ficam automaticamente pendentes até que os novos membros do CJ possam começar a deliberar.

O Concelho de Justiça da FPF tem estado em foco pela negativa, e agora vai-lhes calhar a batata quente de decidir sobre o recurso dos punicos pelo Apito Final. A verdade é que a fragilidade deste órgão neste momento é tão grande, que contrariar a decisão do CD da Liga me parece pouco provável. Antecipo sinceramente que os punidos pelo CD possam mesmo ser prejudicados por isto. É que uma decisão contrária à do CD pode trazer uma polémica muito grande para aqueles lados, e o CJ já não tem margem de manobra, porque é um órgão pelo menos em conteúdo humano, ferido de morte.

Análise ao Plantel: Defesas Centrais

Luisão: É um jogador que considero um líder da equipa. Teve uma época muito áquem do esperado, para um jogador com a sua experiência e que é internacional Brasileiro. Apesar de ser um jogador com características interessantes, não é tipicamente um central de equipa grande, tendo em conta as particularidades do nosso football. Falta-lhe a capacidade para defender em situações em que o adversário encontra muito espaço, e em se conseguir impor aos avançados em contra-ataque. É um jogador do núcleo mais por razões mentais que técnicas, e como tem mercado em Inglaterra (onde se pode afirmar melhor), pode render ao Benfica muitos milhões de euros. É um jogador que ficará na minha memória com saudade, mas não me oponho à sua saída pelos valores que se falam na imprensa.

David Luiz: É um caso sério de qualidade. Apesar de ter vindo a meio da época anterior, depois da saída de Ricardo Rocha (um jogador importantíssimo na equipa, e que era o nosso melhor central), quando se pretendiam jogadores para pegarem de estaca, o Benfica apostou numa incógnita, mas o central tem de ser considerado uma excelente aquisição, e é por isso uma aposta ganha da prospecção do Benfica. A época correu-lhe mal, devido a uma lesão complicada, mas esperemos que para o ano possa ser titular no eixo da defesa, e que o departamento médico resolva de forma inequívoca este problema, do atleta Benfiquista que pode mesmo ser um jogador de classe mundial. A recuperar, e inequivocamente manter a todo o custo.

Zoro: Teve uma época muito difícil. Começou bem na pré-época, mostrando a razão pela qual conseguiu-se afirmar tão jovem num campeonato exigente como o Italiano. Depois vieram lesões, e uma exibição pouco conseguida. Os adeptos rapidamente o classificaram como uma das ovelhas-negras do plantel. A verdade é que quando apareceu novamente mostrou qualidade. Podem ficar chocados com o que escrevo, mas é minha opinião pessoal, que está aqui um excelente jogador, e espero que o tribunal do terceiro anel, lhe de possibilidades de o mostrar na próxima época, e dar o benefício da dúvida ao central. De momento não deve ter grande mercado, pelo que deve o Benfica apostar nos jogadores de qualidade que ainda tem, e mantê-lo porque acredito que ainda nos vai dar muitas alegrias.

Edcarlos: Foi um erro de casting de Camacho. Cedemos Miguel Victor que é um central promissor, formado na casa, para adquirir Edcarlos por 1,8M€. Para ser o suposto quarto central do Benfica, revelou-se muito caro para a qualidade que mostrou. Imprevisivelmente, com as lesões dos outros centrais do Benfica, Edcarlos acabou por ser um jogador bastante utilizado. Não tem qualidade para ser das primeiras soluções do Benfica, logo não se deve enjeitar a possibilidade de recuperar o investimento num jogador que não será de futuro mais do que um central de segunda linha na equipa.

Miguel Victor: Sem euforias, é um jogador que mostrou algumas possibilidades de se fazer num bom central, até porque é ainda muito jovem (18 anos). Para ter jogadores caros como segunda linha do Benfica, prefiro ter um jovem jogador da casa. Não segui a sua temporada no Aves, mas sei que foi utilizado em sete jogos da Liga Vitalis. Espero que faça parte do plantel na próxima temporada, ou que seja emprestado a uma equipa da Primeira Liga, que lhe de utilização.

Major Valentim Loureiro

Tinha escrito que a entrevista de Manuela Moura Guedes ao Major Valentim Loureiro, era do que de mais cómico já tinha visto no football. Aqui está a famigerada entrevista, que já está no youtube:

Rui Costa começa bem

Tive a confirmação em directo pela boca do novo Director Desportivo do Benfica Rui Costa, que Léo renovou por mais dois anos. Ainda não tinha escrito nenhum texto sobre uma possível despedida a Léo, porque estava eu esperançado que Léo ficasse. Era quanto a mim a situação de urgência máxima no clube, ainda mais que a escolha do treinador. É o final de um caso que demorou tempo demais a ser resolvido, mas que acabou bem. Rui Costa começou portanto em grande nas suas novas funções. Comemorei esta notícia como se da contratação de um jogador de créditos firmados se tratasse, porque afinal é isso mesmo, a contratação de um grande jogador.

Além da renovação de Léo, expressou a vontade na manutenção de Rodríguez no plantel, sem cometer loucuras, e confirmou a contratação de Rúben Amorim. O discurso honesto e explicito de Rui Costa agradou-me imenso. Não fugiu às perguntas sobre Eriksson, que por ainda ter a sua situação por definir estará, até ver, afastado do banco do Benfica na próxima época. Rui Costa tem classe, presença e maturidade, e parece-me que consegue lidar com os media muito bem, o homem até bem de fato fica. Espero que seja realmente o começo de um novo ciclo no Benfica.

PS: Jorge Ribeiro não está ainda contratado, está só na agenda de possíveis aquisições. Sei de fonte segura que o Porto está também interessado, e o destino do jogador pode bem ser o Dragão, especialmente agora que Léo fica (que também era pretendido por um clube do Norte). Mas os interesses de clubes grandes em jogadores dos outros grandes, não se fica por aqui. Este verão promete ser outro “Verão quente”...

Análise ao Plantel: Guarda-Redes

Quim: O internacional Português foi quanto a mim, o mais regular jogador do Benfica esta temporada. É actualmente o melhor Guarda-Redes Português, e poderá até relegar Ricardo para o banco durante o Europeu. Já lá vão os tempos em que os adeptos menos lúcidos olhavam de lado para Quim, e quanto a mim, desde Michel Preud’Homme que é o melhor Guarda-Redes a actuar na Luz. É sem dúvida um jogador para manter no plantel, e quanto a mim um membro do núcleo duro que faz dele um inegociável.

Butt: O Benfica continua aqui uma tradição recente, de ter sempre mais do que uma solução de grande qualidade para a baliza. Butt vinha rotulado de segundo melhor Guarda-Redes Alemão, imediatamente a seguir a Kahn, mas não teve na Luz grandes oportunidades. Não se sabe qual o ordenado de Butt, mas pode-se até dar o caso injusto de ser mais bem pago que Quim. É minha opinião que a qualidade em quantidade rendia mais nos jogadores de campo, apesar de não me opor a uma contratação de um jogador consagrado a custo zero. Apesar de ser um jogador de qualidade, na possibilidade do Benfica poder fazer um encaixa financeiro com Butt, deve ceder o Guarda-Redes.

Moreira: Tem sido bastante castigado com lesões. Não vou na ideia entre os adeptos que estaria ali em potência um super-guardião, nem tão pouco que poderá vir a ser o melhor guarda-redes Português. É no entanto um jogador de qualidade, Português e da casa, além de ser bastante acarinhado pelos adeptos. É para mim para manter como solução alternativa a Quim.

Fim de época

Chegou ao fim a época do Benfica, com a distracção de um bonito espectáculo que tive o orgulho de assistir que foi a despedida de Rui Costa. Foi realmente bonita a homenagem que os adeptos lhe prestaram, e que é merecida. Os Benfiquistas esqueceram por algumas horas o desastre que foi a época, mostrando que ser Benfiquista é mais do que apenas e só a vitória.

Foi uma época sem títulos, e sem razões para qualquer Benfiquista ficar satisfeito. A época foi de tal maneira desastrosa que não existe muito a dizer, sem ser avaliar individualmente os jogadores do Benfica.

Não se pode dizer que tenha sido surpresa para ninguém, a partir do momento que Fernando Santos foi despedido que antecipava este final, com maior ou pior gravidade. A verdade é que acredito que com o Engenheiro o Benfica seria suficientemente forte para alcançar o segundo lugar. Afinal, é minha firme opinião que o Benfica tem um plantel melhor que Sporting e Guimarães.

O Benfica precisa de colocar uma pedra nas repetidas decisões amadoras na gestão do football. Agora é pegar no que realmente existe de activos de qualidade do clube, desde infra-estrutura, a jogadores com qualidade, e dotar o Benfica duma equipa profissional no verdadeiro sentido da palavra. Rui Costa pode realmente ser o futuro do Benfica. É uma pessoa inteligente, e conhecedora do football, mas terá de começar o trabalho imediatamente, sobe pena do Benfica perder mais uma vez alguns dos seus melhores jogadores. Rui Costa, agora que é só e apenas Director Desportivo, tem de se concentrar nos próximos dias, na escolha do treinador, e na continuidade de Léo e Rodríguez. Passa também por manter estes dois jogadores, se ainda o for possível, para começar este novo ciclo sem erros, e num rumo positivo.

Apito Final: O Timing

Há que considerar o timing da decisão, que acaba por passar para os visados, neste caso o Porto, a decisão táctica de aceitar os respectivos castigos já esta época, e por isso admitir a culpa nos processos, ao invés de recorrer para o órgão da Federação, e arriscar que a pena seja imputada a outro campeonato, que ainda não está ganho. Decidindo não recorrer, podem mesmo proteger-se no facto que só não recorreram para não agravarem a sua situação desportiva. Fica portanto quanto a mim, à responsabilidade ética e moral dos responsáveis do F.C.Porto, decidir não recorrer da perda dos seis pontos. E recorrendo da pena de suspensão do seu Presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, poder-se-á até dar o caso caricato, do Concelho de Justiça da Federação retirar o castigo de suspensão imposto ao seu Presidente, mas o Porto manter a punição desportiva da perda de pontos. O que será uma mancha incontornável no seu historial.

Na hipótese que ambas as penas sejam aplicadas este ano, de acordo com o previsto nas notas de culpa, o que vejo é que o Porto “encaixa” a diminuição de pontos com facilidade, e uma vaidade ainda maior de “somos campeões até assim”. Na pena imposta ao Boavista, o caso é muito mais complicado.

Em opinião pessoal, a decisão do F.C. Porto de não recorrer da perda dos seis pontos, é mais um episódio de fraco carácter em relação à responsabilidade moral e ética dos seus dirigentes. E a ética desportiva é quanto a mim o busílis de todo o processo. É pela implicação ética de toda a promiscuidade do football português, e não pela matéria criminal, que me é muito mais interessante de acompanhar o desenrolar deste caso na justiça desportiva, que na justiça criminal. Em termos éticos está em causa a imagem do football para o consumidor. Como pode um Presidente de uma instituição como o F.C. Porto, dizer-se inocente, e não levar essa indignação legítima até às últimas consequências? Se o Presidente do F.C. Porto pode-se gabar que é campeão, até com a perda de seis pontos na secretaria, posso também eu (como consumidor do produto football), concluir que o Porto por não recorrer da pena até às últimas consequências se dá como culpado?

Os meus 23 para o Europeu

Quim, Ricardo e Rui Patrício;

Bosingwa, Paulo Ferreira, Pepe, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Caneira, Jorge Ribeiro;

Miguel Veloso, Petit, Deco, Maniche, Moutinho, Raul Meireles, Manuel Fernandes;

Nani, Quaresma, Simão, Cristiano Ronaldo;

Hugo Almeida e Nuno Gomes

Para escolher os jogadores baseei-me no sistema que a selecção tem vindo a usar ao longo dos anos, o 4x2x3x1, com a possibilidade de jogar com 4x3x3 mais puro.

As posições onde vejo maior probabilidade de não terem um dono óbvio são a de lateral esquerdo, e ponta de lança. Como tal procurei escolher jogadores polivalentes, que apesar de perfazerem a máxima de ter dois jogadores para cada posição, possam desempenhar esses lugares mais problemáticos. Para defesa esquerdo há a possibilidade Jorge Ribeiro, além dele um dos quatro centrais escolhidos, Caneira, poder também desempenhar essas funções, e ainda Paulo Ferreira pode fazer o lugar.

Miguel Veloso apesar de ter tido uma época inconstante, traz muita profundidade às escolhas do treinador, porque é esquerdino, pode jogar a lateral esquerdo e até a central, além de ser para mim alternativa óbvia a Petit no lugar de pivot defensivo.

No lugar de ponta de lança além das duas escolhas mais comuns, temos a possibilidade de Cristiano Ronaldo jogar em cunha no meio, como já vem acontecendo no Manchester. Com a possibilidade de um extremo jogar a avançado, é óbvio que teria de convocar pelo menos mais três, se Simão e Quaresma são incontornáveis, assim se explica a entrada de Nani nos eleitos, depois duma época bastante melhor do que esperava.

Em relação a Moutinho e Raul Meireles, são escolhas que para mim seriam sempre óbvias, são dois grandes jogadores, que não percebo porque não têm sido mais importantes nos escalonamentos do seleccionador. Raul Meireles é mesmo, quanto a mim, um jogador muito subvalorizado. Maniche é aquele jogador que aparece sempre em alto nível nas fases finais em que a selecção participa. Manuel Fernandes como todos sabem é um jogador com o qual antipatizo, pela maneira como saiu do Benfica, mas é um grande jogador.

As outras escolhas, penso que são todas óbvias e indiscutíveis.

Obrigado Rui!

Eu estive lá! Obrigado Rui!

Apito Final: O “Sistema” não está só na Liga

Para além de Dias da Cunha, tinha havido um outro, a agitar as águas muito antes. Curiosamente foi, e é também alguém, que igualmente ao ex-Presidente do Sporting, foi rapidamente rotulado como personagem do ridículo. Falo de Octávio Machado, que terá até tocado em pontos que passam completamente despercebidos aos media, e colunistas de opinião no nosso país. Não será que o “Sistema” é também o favorecimento a agentes não ligados aos clubes, permitindo-lhes alcançar um monopólio das transmissões televisivas, onde os prejudicados são todos os clubes?

Para quem segue com atenção as contas das SADs dos principais clubes nacionais, e internacionais, é fácil perceber algumas discrepâncias. É óbvio que não é possível aos clubes Portugueses obterem receitas televisivas absolutas do nível das da Liga Inglesa. No entanto podemos comparar a fatia percentual, do bolo das receitas totais dos nossos clubes. Se analisarmos o caso do Benfica, cujas receitas televisivas na época de 2006/2007 (receita recorde para as transmissões televisivas, nos últimos três anos de gestão da SAD), foram 9.205.000€, correspondendo a uma razão pouco superior aos 11%, em relação aos proveitos totais que tiveram o valor de 80.988.000€. Mesmo que tiremos aos proveitos totais as receitas extraordinárias da venda dos passes dos jogadores no respectivo exercício, no valor de 24.114.000€, as transmissões televisivas correspondem apenas a aproximadamente 16%.

Conclusão: os clubes Portugueses têm receitas televisivas que correspondem a uma pequena (demasiado pequena) fatia de todos os seus proveitos financeiros. Quem é que anda a enriquecer à custa de todos os clubes Portugueses? Já se sabe quem foram os desportivamente beneficiados pelo sistema, mas quem foram os beneficiados financeiramente? Quem beneficia com a guerra Norte-Sul, e com o desentendimento dos três grandes?

Estou que nem posso!

Acabo de ver a entrevista de Manuela Moura Guedes, ao Major no jornal nacional. Ainda não consegui parar de rir. O Major conseguiu com as suas declarações, fazer algo bastante mais cómico que as suas sátiras no Gato Fedorento. Depois de uma série de situações cómicas, algumas com o próprio Major, como a entrevista de Mário Crespo, este é seguramente o segundo mais cómico episódio de sempre do nosso football nacional, imediatamente a seguir ao Caso Paula no programa Donos da Bola.

Jorge Sousa vs carreira profissional de Carlitos

Já aqui tenho dito, que tento evitar as discussões com incidência na arbitragem, especialmente em lances duvidosos, que o árbitro poderá ter o benefício da dúvida. Não deixo porém de criticar quando as mesmas decisões revelam-se altamente danosas para determinada equipa, em erros grosseiros inexplicáveis. São situações que para mim vão além do erro de arbitragem.

Só hoje tive a possibilidade de ver algumas imagens do jogo, do mais directo candidato à Champions que o Benfica tem, o Guimarães, em Belém. É com imparcialidade que posso portanto dizer, que o Vitória foi prejudicado num lance, em que o jogador Carlitos sofre uma entrar inqualificável do jogador Rodrigo Alvim, ao minuto quinze do encontro.

De momento encontro-me lesionado devido a uma entrada parecida (e bastante menos violenta) que me impedirá de praticar football durante pelo menos seis meses. Tenho portanto a sensibilidade para falar das consequências que uma entrada semelhante poderá ter. E acreditem que não precisa de ser tão violenta e mal intencionada quanto a do jogador Rodrigo Alvim. Para todos aqueles que nunca se viram lesionados em situações semelhantes, recomendo que procurem na internet vídeos ou fotografias do lance da lesão do jogador Eduardo Silva do Arsenal. Para terem uma ideia das possíveis consequências, o jogador Brasileiro da Liga Inglesa, com os melhores meios médicos do mundo ao seu dispor esteve em risco de ser amputado.

A Carlitos, e apesar de ter sido suturado no tornozelo com quatro pontos, além de ter ficado maltratado na mão, valeu o reflexo de saltar sobre o seu adversário evitando um mal maior. É que aquela entrada se tem acertado no jogador com apoio do pé no chão, tinha sido bem mais grave.

O árbitro ficou-se pelo cartão Amarelo. Como houve intervenção disciplinar, o lance não vai dar direito a sumaríssimo. Sinceramente não sei o que será mais ridículo, o lance, a interpretação do árbitro ou o regulamento. Relembremos que o Derlei, foi expulso, e levará três jogos de suspensão por ter insultado verbalmente o árbitro. E também não sei qual deveria a maior suspensão, a do jogador do Belenenses ou a do árbitro da partida, Jorge Sousa que se dependesse de mim não voltava a arbitrar nada que exigisse mais contacto que uma partida de xadrez.