Somos Águias ou Abutres?

A expressão nem é minha, mas de Bagão Félix, que diz que esta não é altura para criticas. Muito bem esteve o “candidato a candidato” à Presidência do Benfica. De resto também esteve muito bem nas suas declarações José Veiga, que disse que agora era tempo de apoiar a equipa técnica e jogadores.

Entre os Benfiquistas vive-se o descrédito no football, e tal como previ o Presidente perde com Fernando Santos, a sua última linha de defesa. Neste momento os adeptos querem é a cabeça do Presidente, propõem-se eleições antecipadas, e organizam-se “manifs” para a recolha das assinaturas necessárias. Não participo, recuso-me a participar, e aconselho todos os meus colegas sócios do Benfica a não o fazerem. Quando o mote é “tira-se quem lá está, e depois logo se vê”, só posso mesmo de classificar de ridículas este tipo de iniciativas.

Ainda à bem pouco tempo, o Benfica era presidido por um senhor chamado Vale e Azevedo, que chegou ao poder no clube, pela via do populismo, numa altura em que também se viviam momentos conturbados. Deviam estar conscientes os Benfiquistas, que este momento é propício a tentativas semelhantes, de indivíduos que querem servir-se do clube, e não servir o clube. O Presidente Luís Filipe Vieira, apesar de todos os seus defeitos, a sua inaptidão e insensibilidade para as questões do football, e a sua fanfarronice, e com uma presidência que não escapa à mediocridade é apesar disso alguém que procura servir e proteger o clube.

Espero que surjam para o Benfica projectos alternativos, e listas para as eleições em 2009, afinal o Benfica é um clube que se quer exemplo de Democracia, mas devem todos os sócios do Benfica, escolher cautelosamente, dentro do seu direito democrático, qual o próximo Presidente, sem olharem para as promessas do populismo e dos pseudo-mecenas. Mais perigoso que o insucesso desportivo deste ano, é a possibilidade de imergir outra personagem menos séria para a Presidência. E não tem sido poucos, recentemente, os “menos sérios” a tentarem lançar-se para golpadas no football Português rotulados de salvadores.

Os Benfiquistas que agora se revoltam contra o Presidente, deviam antes de criticar resultados, criticar a gestão e as decisões erradas que poderão ter estado na origem desta desgraçada época desportiva. Não reconheço qualquer legitimidade de revolta, aos meus colegas Benfiquistas, que comemoraram o despedimento de Fernando Santos, que vibraram com a contratação de Camacho. É que os erros de gestão desportiva passaram muito por aí. E não podem os mesmos Benfiquistas que na altura apoiaram estas decisões, estarem agora contra o Presidente, como se os resultados catastróficos fossem independentes dessas mesmas decisões que eles aplaudiram. Eu pergunto-me se Fernando Santos tivesse o apoio dos adeptos, se alguma vez Luís Filipe Vieira tinha coragem de despedir o treinador, após um empate fora, e a meio duma eliminatória para a Champions onde já tinha ganho vantagem.

Outros Benfiquistas viram-se para os jogadores. Os jogadores estão longe de estar isentos de culpas, mas a verdade é que nada foi feito a nível de liderança, que impedisse a profunda descrença em que a equipa se encontra. O plantel já teve três treinadores, uma série de novos “ciclos” inaugurados pelo Presidente, vários esquemas tácticos, e um presidente/director desportivo/jogador. Eu até diria o contrário, diria que com tanto erro de gestão desportiva, admira-me como o Benfica manteve, e até contratou, alguns jogadores de qualidade. Uma coisa vos garanto, Bynia, Di María, Zoro, Cardozo e Rodriguéz são bons jogadores.

Acho que para além do Presidente, também adeptos, deviam reflectir sobre a sua acção no clube nos últimos tempos. Dizem que uma pessoa individual é uma entidade muito inteligente e capaz de grande imaginação empreendedorismo e criatividade, mas o que observo é que as massas humanas, neste caso o colectivo de indivíduos que perfazem a massa adepta do Benfica são voláteis temperamentais e imponderadas. Não pretendo estar também a ofender a maioria dos meus colegas sócios do Benfica, mas a verdade é que pergunto-me se alguns daqueles insatisfeitos adeptos, que andam nas “manifs” se mostraram tão indignados com o despedimento de Fernando Santos.

Derby

Antes de mais como adepto de football, há que destacar o espectáculo intenso que foi o jogo. Apesar de não ter sido um jogo disputado, porque em cada uma das partes só houve uma equipa em campo, foi um jogo emocionante para os adeptos, imagino que bastante mais para os Sportinguistas.

O que terá motivado a viragem no jogo, foram as saídas de Romagnoli, e Di Maria. A entrada de Sepsi foi um tiro no pé. Num jogo ainda longe de estar ganho, não se deveria ter tirado aquele que tinha sido o melhor jogador do Benfica até ai. Até porque Sepsi é suposto ser defesa esquerdo, e entra para substituir Di Maria que estava a jogar a avançado móvel. Não faz sentido. A derrota do Benfica começou por aí, e por uma falta de capacidade física que já vem sendo demonstrada nesta fase final da época.

Tendo em conta os tempos conturbados que nós, Benfiquistas, vivemos, não me vou alongar muito mais sobre o Derby, nem vou extrapolar de um jogo, para fazer uma análise à época do Benfica. Não gosto de críticas resultadistas! As críticas que tinha a fazer, aos erros de gestão desportiva que precipitaram estes resultados, já as tinha feito no início da época. Os adeptos deviam fazer uma introspectiva, para perceberem também eles a sua responsabilidade no estado actual da equipa do Benfica.

Vou apenas comentar duas situações, que aconteceram no Benfica, e que apenas prejudicam as hipóteses do Benfica conquistar o segundo Lugar.

Em primeiro lugar as declarações repetitivas de Chalana, queixando-se da arbitragem. Acho que Chalana como responsável pela equipa, deve queixar-se quando fomos realmente prejudicados, como aconteceu no Bessa. Não deve nem pode, estar a desculpar-se a si e à equipa em todos os jogos, com a arbitragem. O Sporting ganhou porque foi melhor, e apesar do último golo do Sporting ter sido precedido duma falta óbvia, o árbitro não teve interferência no desfecho da eliminatória. Chalana tem de ter saber distinguir entre uma arbitragem danosa para o clube, e um erro de arbitragem isolado, e diria até irrelevante.

Em segundo lugar, e ainda mais grave, as declarações de Luisão, criticando as opções da equipa de arbitragem. Em rigor, a substituição de Di Maria terá sido um erro, mas não compete a um jogador, comentar e criticar as substituições dos seus pares, e por em causa a autoridade do treinador. Ainda no jogo contra a Académica elogiei Luisão pela frontalidade e carácter com que assumiu o erro que originou o primeiro golo dos estudantes. Não pode agora desmarcar-se dos lances de golo do Sporting, muito consentidos pelo Benfica, onde também é responsável, e associar a culpa a uma substituição que não lhe compete discutir.

Académica

Depois da recepção à Académica, e pelo que fui lendo na blogosfera, tive a necessidade de dar a mim mesmo um retiro para reflexão, antes de escrever qualquer coisa sobre o assunto.

A minha opinião sobre o jogo, é que o resultado não espelhou o que se passou em campo. A defesa em linha da académica terá feito um dos melhores jogos que alguma vez vi fazer numa defesa tão subida, e o ataque foi do mais eficaz que um treinador pode desejar. Não está em causa a justiça do resultado, até porque, e isto deve-se reconhecer, a arbitragem foi irrepreensível, mas a Académica teve a totalidade da sorte, e da inspiração que naquela noite foi distribuída.

Já tinha dito que tudo aquilo que o Benfica vinha fazendo com Chalana, a nível de movimentação ofensiva, era um compromisso que ele fazia quebrando algum do equilíbrio da equipa na transição defensiva. Com Camacho o Benfica não jogava como um grande, e muitas vezes abdicava da luta incondicional pela vitória, com a defesa do empate. Deste ponto de vista o Benfica era bem sucedido, visto que perdeu poucas vezes, mas a verdade é que para se implementar agora uma filosofia de jogo diferente, o Benfica leva o atraso de oito meses, em relação às outras quinze equipas do campeonato. O meu apoio é incondicional a Chalana, uma vez que lhe foi dado um handicap de quase uma época inteira na preparação daquilo que deve ser o jogo do Benfica.

A nível individual o jogo foi também peculiar, uma vez que na Académica se assistiram a exibições do melhor nível que fizeram nesta edição da Superliga, e por outro lado colectivamente estiveram inspiradíssimos. O descalabro que só tem comparação parcial, a acontecimentos que já levam mais de meio século, só se deveu a este binómio que foi a inspiração individual e colectiva dos estudantes, em oposição, ao total desacerto individual da maioria dos jogadores Benfiquistas, e uma quebra anímica colectiva compreensível pelo encaixar dos três tentos do adversário.

Katsouranis continua a ser o mais problemático jogador do Benfica. Não tendo a falta de qualidade que outros jogadores têm, usufrui de uma posição privilegiada na equipa, que o faz ter uma influência mais nefasta que os seus colegas menos talentosos, através da lástima que tem sido as suas exibições.

Parece-me também que Chalana terá falhado nas substituições. Não me parece que Bynia fosse o jogador a sair.

Apesar da oferta escabrosa ao ataque da Académica, mais uma vez destaco positivamente o carácter de Luisão, ao assumir peremptoriamente o seu erro, no flash interview após o jogo.

A época desportiva do Benfica está a ser tudo menos aquilo que os Benfiquistas desejariam, e a má gestão desportiva está exposta, mas a partir do momento em que o Benfica deixou sair Fernando Santos, e que a chicotada psicológica apenas desmoralizou os jogadores, que o mal já estava feito. Não vale a pena culparmos os responsáveis Benfiquistas por mais do que aquilo que eles são responsáveis. Sou um crítico, e opositor do actual Presidente do Benfica, que ficou refém duma opção errada, e mal planeada, mas creio que ele estará muito consciente dos tiros no pé que tem dado. O Benfica precisa de um novo ciclo, ou o Presidente assume os seus erros, e tanta salvar a sua presidência com alguém que perceba de football, ou mais tarde ou mais cedo sai do Benfica por uma porta bem pequena para quem tem alguma obra feita na reabilitação financeira do Benfica.

Apito Final: O Sistema

Afinal o que é o Sistema? Será uma troca isolada e singular de favores ilícitos, que aconteceu em dois jogos da “época Mourinho”, ou antes uma compadrio emergente, entre personagens com grandes mas distintos poderes, no sentido de influenciarem favorável e tendenciosamente, uma série de resultados desportivos e benefícios financeiros, mas também os meios para que permitam a esses mesmos personagens manter, e potenciar esses mesmos poderes. E só assim se poderá talvez explicar que num país onde a estabilidade dos mais importantes intérpretes do football, caso dos treinadores e jogadores, é posta em causa a cada resultado, mas que existam pessoas exteriores ao campo de football, enraizadas de tal maneira na estrutura, que seja impossível sequer fazer oposição. Em que algumas já se confundam com o cargo em si, e outras ocupam e saltem entre todos os cargos possíveis e imaginários, e ainda que arguidas em processos de corrupção desportiva, façam parte das mais diversas listas, que apesar de distintas trazem sempre as mesmas personagens.

O problema do football nacional, não terá sido um caso isolado de corrupção declarada, mas uma série de manipulações dissimuladas, das quais não houve sequer uma aproximação entre o corruptor e o corrompido. Imagino este Sistema do football Português, como uma corrente induzida, um receio generalizado dos agentes envolvidos, em que se não beneficiassem determinadas linhas de corrente, seriam prejudicados na sua carreira. Sempre me causou desconfiança o sistema de observação e classificação dos árbitros.

Quem melhor explicou o que é, foi Dias da Cunha, o primeiro a identificar frontalmente algumas das caras do Sistema. Parece-me que o Sporting por essas alturas estava bem melhor servido, tinha pelo menos melhor equipa. Grave é que o primeiro dirigente que activamente baptizou a suspeição que se vivia, e deu-lhes faces, tivesse sido boicotado e satirizado dentro do seu próprio Clube. Curioso é que os actuais responsáveis do Sporting, não parecem muito preocupados com o Apito Dourado.

E como se implementa um sistema? Começou pela utilização dos media, para uma estratégia de comunicação incendiária, e de “guerrilha Norte vs Sul”, e depois ter-se-á espalhado pelos corredores da Liga, e FPF. Se nos recordarmos que o sucesso do F.C. Porto, é algo relativamente recente, eu diria que o Sistema foi implementado não por favorecimento a um clube, mas por um favorecimento regional. Não me parece inocente a quantidade de clubes do Norte que perfazem o nosso panorama desportivo principal, o peso do associativismo do Norte, como a Associação de Futebol do Porto, e até o Presidente da FPF ter vindo de Aveiro. Admiram-se depois que o apito, só apita para Norte.

Lucílio Batista para a Jarra

Este Blog pretende ser imparcial e justo, não é por isso normal que se discutam as arbitragens, de forma populista, e por oposição ao que considero ser a minha honestidade intelectual. Já tenho dito que o Benfica deve jogar o suficiente para que erros de arbitragem discutíveis e ocasionais não consigam interferir no resultado, e que muitas vezes as queixas incendiárias dos responsáveis não são mais que uma desresponsabilização de actos de gestão desportiva amadora.

No entanto o que se passou no Bessa não deixa de ser uma excepção. O Benfica jogou muito bem, e apenas devido à ineficácia na concretização e à interferência do árbitro o Benfica não conseguiu ganhar. O árbitro Lucílio Batista, conseguiu através da sua incompetência técnica e dualidade de critérios, interferir no resultado do jogo.

A falta de Edcarlos é óbvia, e esteve bem o árbitro ao assinalar a grande penalidade, mas numa situação semelhante, Di Maria é carregado de maneira idêntica junto à ala esquerda (ainda fora da área), e o árbitro nada assinalou, aquilo que seria uma falta perigosa, em clara dualidade de critérios.

A jogada em que a bola ressalta para o braço de Nélson é semelhante ao da jornada passada na Luz, em que Léo tenta cruzar a bola, e nada foi assinalado. O lance é discutível, mas admito que poderia ter sido grande penalidade, não fosse a jogada precedida de fora de jogo de Mateus.

Existe uma carga faltosa dentro da área, de um defensor do Boavista sobre Rodriguez, na disputa de uma bola aérea. É uma falta óbvia, mas daquelas que os árbitros Portugueses têm por hábito marcar (até quando não existe) apenas fora das áreas. Esta foi por demais evidente, e não teve o árbitro coragem de marcar grande penalidade.

Por último, uma dupla penalidade, de Mateus sobre Petit, com uma tesourada sobre o joelho do Benfiquista, e imediatamente a seguir uma entrada imprudente sobre Léo, que resulta mesmo no contacto brutal dos pitões do Boavisteiro com o peito do pé do lateral Brasileiro, merecedora de vermelho directo. Além do cartão vermelho poupado e das grandes penalidades, Lucílio Batista permitiu que Mateus conseguisse sair a jogar, num lance de contra-ataque, tendo já deixado batidos no chão, dois jogadores Benfiquistas, importantes nas compensações das transições defensivas, como são Léo e Petit. Na sequência da jogada, o Benfica ficou em preocupante inferioridade numérica na sua defesa, e o lance apenas não resultou em golo, por manifesta precipitação do ataque Boavisteiro. No mínimo Lucílio Baptista deverá ter batido algum recorde, ao conseguir enganar-se, e não assinalar duas grandes penalidades consecutivas no mais curto espaço de tempo, e ainda precipitar uma perigosíssima jogada do Boavista.

Ainda antes da partida, li noutros blogs que a nomeação de Lucílio Batista para o jogo do Bessa, depois de na jornada anterior, ter assinalado uma grande penalidade inexistente, a favor do Porto, era certamente problemática. Quis dar o benefício da dúvida ao árbitro, porque efectivamente, no jogo de Belém, da posição em que se encontrava, era complicado ter observado que o central do Belenenses tinha conseguido cortar a bola. Não vou portanto tecer comentários sobre “viciação de resultados”, mas a verdade estatística é que o Benfica não conseguiu ganhar os últimos sete jogos apitados por Lucílio Batista, o que também deve ser um recorde que pertence a este árbitro...

Ainda falando de arbitragem para além do jogo do Bessa, o árbitro Bruno Paixão, depois da sua performance em Alvalade, devia também ir para a jarra, conseguindo anular um golo limpo ao Braga, e ainda perdoou dois vermelhos a jogadores da equipa visitante, um por agressão a Liedson, e outro por entrada por trás, pondo em risco a integridade física de Farnerud.

Também o Paços de Ferreira poderá ter razões de queixa na recepção ao Vitória, mas como não segui o jogo todo, não vou tecer comentários sobre os lances que vi nos resumos.

Parabéns ao F.C. Porto

O Porto sagrou-se ontem campeão nacional, no jogo contra o E. Amadora. O resultado da partida (6-0) foi tão inequívoco, como o mérito do Porto este ano em ser campeão. Como entendo que em desporto, é importante saber ganhar e saber perder, dou aqui os meus sinceros parabéns ao F.C. Porto e à sua estrutura de football.

Apito Final: Mérito e Corrupção

É também muito importante sabermos o que se está aqui a julgar, é que oficialmente, está em julgamento um par de jogos que reportam à época em que Mourinho tinha efectiva e destacadamente a equipa mais forte de Portugal, e foi mesmo campeão Europeu. Os adeptos de outros clubes que se vêm justificadamente lesados, podem sentir-se tentados a tirar mérito às conquistas do Porto de Mourinho. A minha opinião é que com ou sem ajudas, aquele Porto seria sempre campeão naquela época em Portugal.

Entre o processo que está a decorrer, e a opinião pública vai sempre haver uma disfunção entre o particular e o geral. Se o Porto de Mourinho seria sempre campeão, num campeonato que nem suscitou, até à chegada do Apito Dourado, dúvidas na arbitragem, o que dizer dos loucos anos 90?

São só um par de jogos, mas a verdade é que para a opinião pública está em julgamento toda uma fase negra, até anterior, em que muitos adeptos, nos quais confesso que me incluo, não têm dúvidas que houve falsificação de resultados. Entre situações homologadas e prescritas, já nenhum adepto se vai sentir ressarcido de inúmeros acontecimentos em jogos, onde já nenhum especialista da arbitragem conseguiria testemunhar de boa-fé, que a corrupção se teria ficado apenas pela tentativa, e não teria sido consumada.

O acto de corromper, associado apenas aqueles dois jogos, é quanto a mim um eufemismo ao acto de corrupção. Entendo que o acto de corrupção é mais que uma situação isolada, é um acto de cumplicidade que se cria entre dois agentes. Quem assina o livro do Diabo, vende a sua alma para todo o sempre. Seria talvez interessante, investigar todos os jogos arbitrados pelos árbitros visados, aos clubes dos responsáveis prevaricadores, e aos clubes mais directos adversários.

Link para o Regulamento Disciplinar

Segue o link directo, para o Regulamento Disciplinar, da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Apito Final: O Regulamento Disciplinar

O resultado final dos processos, na forma de penas e castigos aplicados, podem ter neste momento consequências diversas. Dependem do recurso ou não dos visados, e dependem também dum regulamento desportivo que poderá não prejudicar o F.C. Porto, e dar o golpe final num Boavista ferido de morte.

Dá que pensar, a diferença de gravidade de penas prevista pelo Regulamento Disciplinar, para coação e tentativa de corrupção. O Boavista poderá descer de divisão, porque supostamente na figura do seu Presidente João Loureiro, exercendo influências através do seu pai, o Major, exerceram coação sobre diversos árbitros que pretendiam que beneficiasse o Boavista. Por outro lado, alegadamente, o F.C. Porto, “apenas” tentou comprar os árbitros com “fruta” e “café com leite”. Por razão da observação das decisões de arbitragem nos jogos dos processos, admite-se que o F.C.Porto não terá sido beneficiado nas arbitragens em questão.

Pelos vistos o Regulamento Disciplinar segundo a qual, a Comissão Disciplinar actua, distingue as duas situações com maior gravidade para a coação, que tem pena prevista de descida de divisão. Também na pena aos agentes desportivos envolvidos, as possíveis penas de suspensão são diferentes em tempo. Parece-me evidente que sendo situações diferentes, não vejo a diferença de gravidade, que justifique penas tão distintas para os respectivos clubes e agentes envolvidos.

Também sei que não é um problema dos responsáveis pelo processo, é um problema do regulamento, que quanto a mim tem de ser alterado o quanto antes. A Comissão Disciplinar tem de agir de acordo com a regulamento, ultrapassado e com lacunas, que não lhes dá muita margem de manobra para o bom senso, de resto como fica também demonstrado na aplicação, ou não, dos famosos processos sumaríssimos.

Apito Final: Justiça Desportiva vs Justiça Civil

Parece que os processos da Comissão Disciplinar da Liga, vulgo justiça desportiva, vão mesmo avançar. Foi uma promessa feita pela liga e pelo órgão de disciplina, que tudo estaria resolvido até ao final da presente época.

Pessoalmente estou muito mais interessado na justiça desportiva que nos tribunais civis. A justiça dos tribunais é infelizmente lenta, e tem de prever de acordo com direitos de democracia livre, que se prove para além de qualquer dúvida a culpa dos arguidos. Porque supostamente vivemos num mundo livre, existem tramites legais que nos protegem a todos, e que por vezes protegem aqueles que são culpados. Nos tribunais fará sentido a discussão da legalidade das escutas telefónicas, mas a justiça desportiva, pode recolher todas as provas que bem entender para fazer a acusação.

Sabe-se até que como especialista de arbitragem, foi chamado a tribunal o árbitro Vítor Pereira, para atestar sobre as decisões de arbitragem dos jogos em questão. Parece-me isto altamente irregular, porque Vítor Pereira, não me merecendo qualquer tipo de dúvida em relação à sua seriedade, é o actual Presidente do Conselho de Arbitragem da Liga. E o mesmo já tinha decidido de acordo com as suas competências como chefe da arbitragem, manter alguns dos árbitros visados no processo, no activo. Se Augusto Duarte, envolvido no processo apito dourado, continua a apitar, até em jogos grandes, por decisão de Vítor Pereira, como se espera imparcialidade em tribunal, contra um dos seus “empregados”, e para todos os efeitos contra a classe de que fez parte, e instituição que preside. E ele mesmo Vítor Pereira estava activo como árbitro enquanto muitos destes esquemas do football Português existiam. O “Sistema” existiu, e a chamada a tribunal de qualquer dos seus agentes, ainda que inocentes, para como especialistas testemunharem sobre o “burgo” de que fizeram ou fazem parte, contra ou a favor de árbitros que são ou foram colegas, e que são ou foram “empregados”, parece-me ridículo, e que é permitir que possivelmente algumas forças do “Sistema” possam também exercer influência dos tribunais. No mínimo Vítor Pereira estaria como testemunha em tribunal, a defender a decisão de permitir a estes árbitros que continuem a apitar. O Tribunal se queria um especialista em arbitragem para falar sobre as gravações dos jogos em questão, devia ir buscar alguém estrangeiro completamente independente.

Estou também mais interessado na justiça desportiva, por comparação com Itália, onde, ainda que num órgão diferente e inexistente em Portugal, o tribunal desportivo, na sequência do Calciocaos, o resultado não deixou margem para dúvidas - equipas despromovidas, e medidas suficientemente drásticas para que, pró-activamente, de futuro, faça qualquer agente desportivo pensar duas vezes antes de agir ilicitamente.

Acima de tudo acredito que o football deve ter a capacidade de se auto-regular. Por uma questão de credibilidade e qualidade do produto que vende, tem de ser o próprio football a “desmarcar-se” daquilo que tem sido a pandega dos últimos anos, com os mesmos intervenientes pouco credíveis, a contribuirem para o descrédito da competição e do desporto.

O preocupante em Portugal, é que aconteça o que acontecer na aplicação destas penas, vai tudo ficar mais ou menos na mesma. A ideia que fica, é que vale a pena falsear a verdade desportiva porque o castigo pode encaixar em situações de completa falta de relevo prático. Se assim for os adeptos do football vão ficar novamente com aquela sensação de que ficou tudo na mesma.

O Apito Final

Na sequência de mais uma “bomba” do football Português, sobre o caso Apito Dourado, e as consequências do Apito Final, estou a acabar de escrever uma crónica, chamada Apito Final, que tendo muito por onde divagar, vou dividir em partes para melhor facilitar a leitura e a distinção das situações envolvidas.

Rui Costa, Léo e Rodriguez

Uma das melhores exibições do Benfica esta temporada. Não porque o Benfica tenha sido brilhante, nem tenha controlado o jogo do princípio ao fim, mas porque se visionaram alterações óbvias na dinâmica do seu football. A marcação da grande penalidade, onde dou o benefício da dúvida ao árbitro, ainda ameaçou trazer de volta o fantasma dos jogos caseiros, mas a verdade é que quando se joga mais do que o suficiente para ganhar, nem os lances discutíveis de arbitragem impedem o Benfica de ganhar.

Chalana acertou onde Camacho durante seis meses não conseguiu, jogando só com um trinco e dois interiores. O Benfica apresentou muita movimentação no ataque, ao contrário do que fazia com Camacho, mas também teve algum maior dificuldade nas transições defensivas. Chalana terá entendido, e bem, que no Benfica a jogar em casa contra o Paços, terá de ser mais determinante o ataque, que a defesa.

Maxi sem ter estado brilhante, manteve-se sempre móvel e disponível para as trocas de bola, mas houve uma série de jogadores que voltaram às exibições positivas. Katsouranis fez das suas melhores exibições este ano (ao contrário da crítica em geral, andavam-me a desagradar os últimos jogos do jogador Grego), Nélson voltou a estar perto do espectacular lateral direito que vi jogar na “época Koeman”, e até Edcarlos jogou bem.

A época vai longa e sem motivos para satisfação dos Benfiquistas, mas mais que os resultados devemos avaliar o trabalho e as decisões dos responsáveis Benfiquistas. Se compreendo que Rui Costa merece sair em alta, e nas plenas capacidades como jogador, e que vai preencher um lugar, onde por incrível que pareça faz ainda mais falta (apesar de achar que merecia acabar a carreira campeão), e se Rodriguez poderá ser um jogador incomportável para os cofres do Benfica, a situação de Léo é incompreensível. É destacadamente o melhor lateral esquerdo a jogar em Portugal, e para mim o melhor lateral esquerdo que vi jogar no Benfica. É um jogador de categoria inquestionável. Até pelos anos que leva de Benfica, tudo deve ser feito para que possa acabar a carreira no clube. O Benfica não tem capacidade financeira para ir buscar um lateral esquerdo com metade da qualidade de Léo. Sepsi pode ter potencial, mas apesar do folclore inicial, habitual nas contratações do Benfica, está longe de garantir que nos próximos anos possa render o que Léo rendeu nestas três temporadas.

Já tenho dito que para um clube como o Benfica em retoma financeira, será sempre mais determinante, e melhor negócio, os jogadores de qualidade que consegue manter, que os que poderá ir buscar. O Benfica tem de encarar a renovação de Léo como determinante e prioritária em tudo o que há para trabalhar para a próxima época. Deve também fazer um esforço para manter Rodriguez, ainda que sem cometer loucuras.