O sistema táctico: Benfica vs Sporting

Na sequência da presença de Paulo Bento no programa da RTPN Pontapé de Saída, onde esteve em análise o sistema táctico do Sporting, lembrei-me de comparar os problemas tácticos dos grandes de Lisboa esta época, e reparei que são completamente diferentes. Os problemas tácticos do Sporting são aliás a antítese dos problemas que o Benfica tem.

O Sporting joga em 4-4-2 losango, usa sempre o mesmo sistema, com movimentações trabalhadas, e tem os jogadores com rotinas para as posições nesse sistema, sendo que alguns jogadores estão já habituados a fazer mais do que uma posição da táctica habitual. Todos os jogadores sabem exactamente o que fazer porque é assim que têm jogado sempre. O Sporting abdica de procurar no mercado extremos, ou jogadores que possam fornecer largura, e permitiu a saída de Nani que era o jogador que maior alternativa táctica permitia uma nuance de largura para o jogo exterior.

O Sporting joga melhor contra equipas favoritas, e vacila contra equipas de médio plano do panorama nacional.

Parece-me evidente que o Sporting e o seu sucesso contra equipas fortes, principalmente da Europa, se deve a uma qualidade de jogo assente no trabalho executado no treino, e na mecanização e rotina de um fio de jogo usado à várias temporadas. O sistema de 4-4-2 utilizado pelo Sporting é de resto um dos preferidos dos estudiosos do football, por ser um sistema de equilíbrios e onde a equipa bem articulada dificilmente cai em descompensações. É um sistema onde a capacidade dos jogadores de meio campo permite aliás encaixar em equipas fortes. Permite com a utilização de jogadores que por serem bastante completos, conseguem anular sistemas de equipas favoritas.

O problema é que o sistema está tão estampado na estratégia do Sporting, que a nível interno, equipas menos favoritas, que não fazem do controlo de jogo a sua estratégia, conhecem bem a dinâmica do Sporting, e alteram a sua estrutura para encaixar no sistema táctico do Sporting. Conseguem assim facilmente anular as mais valias e explorar os pontos fracos. O problema do Sporting a nível de sistema, é para mim o excesso de mecanização e rigor táctico, que tapam um pouco a criatividade e dinâmica espontânea que o seu sistema devia também ter. A nível de interpretação individual, Moutinho seria à partida o elemento mais criativo. No entanto devido a uma polivalência que lhe permite fazer no meio campo todos os lugares, e devido à especificidade de alguns dos seus colegas de equipa (caso de Romagnoli), acaba por ter de fazer posições, que cumpre com competência, mas onde não pode, por motivos de posicionamento táctico, dar tanta criatividade ao jogo do Sporting. O lugar onde Moutinho se realiza melhor, é quanto a mim no lugar onde Paulo Bento muitas vezes faz alinhar Romagnoli.

No Benfica é precisamente o oposto. Esta época já jogou em 4-4-2 losango, 4-4-2 aberto, 4-4-2 assimétrico que se dobrava em 4-3-3, 4-1-4-1, e 4-2-3-1. Não existe um sistema predominante, não existe fio de jogo, nem se observam quaisquer tipos de movimentos predominantes e mecanizados que sejam consequência de trabalho no treino, e nos jogos anteriores. Devido à inexistência de tudo aquilo a que se chama colectivo, o Benfica apresenta muita falta de qualidade no seu football. Joga melhor fora de casa, onde tem menos favoritismo, dependendo de lances de bola parada para ganhar os jogos, onde a qualidade individual de execução dos protagonistas se demonstra.

Por outro lado a falta de jogadores e alternativas para jogarem nas onze posições de um determinado sistema táctico pré-definido (consequência de uma época mal planeada), levam a que o Benfica utilize diferentes sistemas consoante os jogadores disponíveis, e a sua forma. O Benfica está portanto dependente da inspiração dos seus jogadores, e da qualidade individual dos mesmos, que se manifesta nas bolas paradas, e em rasgos dos seus jogadores mais maduros.

Lembro-me da célebre discussão entre Rivaldo e Van Gaal. Alegava o jogador que uma equipa grande deve ter um sistema definido e deve jogar sempre da mesma maneira, e que compete ao adversário com menos favoritismo alterar a sua forma de jogar, de forma a tentar anular a superior qualidade da equipa favorita. O treinador contrapunha que para um sistema táctico ter uma estratégia de jogo, devia sempre existir o estudo do adversário e das condições do jogo para potenciar a sua maior qualidade e utilizar todas as alternartivas e mais-valias do plantel da equipa favorita. Provavelmente no meio-termo está a razão. Uma equipa grande deve ter um sistema definido sem alterações radicais na táctica e estratégia, mas os jogadores devem conhecer o adversário, e devem apresentar pequenas nuances tácticas na dinâmica dos sistemas, que permitam ao próprio sistema uma criatividade ao longo da época, e criar no adversário roturas inesperadas.

5ª escolha: Co Adriaanse

Conhece o football Português, e foi bem sucedido no Porto, com um football ofensivo, onde imperava o fair-play e o arrojado sistema táctico. É teimoso, mas independente e disciplinador. Com ele o Benfica podia ter alguém que não admitiria uma direcção incompetente. Basta ver o que aconteceu por um pseudo-desentendimento sobre a contratação de um ponta de lança para o Porto. Era o ideal para agitar as águas.

Karagounis

A selecção Grega voltou a ganhar a Portugal. Podem os Portugueses dizer que desta vez nos encontrávamos bastante desfalcados. Da história do jogo ficam os golos “benfiquistas, Nuno Gomes para Portugal, e Karagounis a bisar na conversão exímia de dois livres (um deles indirecto).

O que me ficou do jogo, a mim que sou Benfiquista, é a resignação pela saída do Benfica desse excelente jogador que é Karagounis. Diz no livro de Veiga, que Karagounis saiu porque os responsáveis do Benfica não o quiseram segurar. Eu pergunto-me durante quanto tempo vai o Benfica permitir a saída dos seus jogadores mais valiosos. Foi assim com Simão, Miccoli e Karagounis, e provavelmente será assim com Léo e Rodriguez. É que se a capacidade de bem contratar não existe, a solução seria não deixar sair os melhores jogadores, de outra forma é uma delapidação anual do plantel.

Os futuros craques

4ª escolha: Lippi

É Italiano, o que se crê que vai de encontro as pretensões dos responsáveis Benfiquistas, e tem sido noticiado na comunicação social como possibilidade para o Benfica. Uma notícia do Correio da Manhã diz que é mesmo o preferido de Rui Costa. Diz-se no entanto que poderá trazer consigo Paulo Sousa para adjunto, o que não me agrada nada.

É seguramente um dos melhores treinadores do mundo, um indivíduo mais motivador do que estratega, mas distinto e sóbrio. Tem uma imagem de sucesso que poderá cair nas boas graças dos adeptos Benfiquistas, especialmente pelo carisma que tem entre jogadores e adeptos. Não está agarrado a nenhum esquema táctico pelo que apesar de Italiano, pode vir jogar no 4-3-3 atacante.

Só não é a minha primeira escolha porque não conhece o football Português, nem o Benfica. Por outro lado nesse aspecto beneficiaria de trabalhar com Rui Costa.

Taça da Liga

E o Setúbal venceu merecidamente a taça da Liga. Podia até ter beneficiado de uma grande penalidade e da expulsão de Tonel, num lance que o árbitro Pedro Proença ajuizou mal.

Por diversas vezes tenho dito que aprecio o treinador Paulo Bento, e o trabalho que tem desenvolvido no Sporting. É minha opinião que um treinador também se forma. Mas além do mérito inquestionável desta muito bem orientada equipa de Carlos Carvalhal, foi um jogo onde Paulo Bento tem a responsabilidade de não ter arriscado mais antes das grandes penalidades. É que Paulo Bento conhecendo a sua equipa bem, deve saber o que é do conhecimento geral, é que a equipa se dá muito mal com a marcação das grandes penalidades. Falhou na iniciativa e falhou na escolha do onze titular, ainda que possa ser discutível. Tendo mais opções que nos últimos tempos, não percebo como Romagnoli tem lugar no Sporting com Adrien e Pereirinha no Banco, e com Yannick Djaló recuperado da lesão. Romagnoli é o mais inconsequente jogador a actuar nos três grandes. Não há jogador que tenha tanta bola e jogo como Romagnoli e que como ele consiga sempre definir em insucesso as suas jogadas. Já Moutinho continua a surpreender-me, até naquilo que se apontava como uma insuficiência, a finalização em meia distância, tem vindo a mostrar que é um grande jogador, e como diz Simões: “um jogador com este rendimento, tem de treinar bem, descansar bem, e comer bem”.

De relevo ainda a ausência de Madaíl na final, mostrando que só está disponível para a mediocridade. Esta taça da Liga foi uma surpresa pela positiva. A conferência de imprensa conjunta entre os treinadores e os capitães das duas equipas é uma novidade agradável, de potencialização do football, num panorama nacional cinzento e sem ideias. Hermínio Loureiro mostra trabalho e capacidades. Só destaco pela negativa os regulamentos de utilização de jogadores nos jogos da Taça da Liga.

3ª escolha: Eriksson

Conhece o football Português, e a dimensão do Clube. É mais um daqueles nomes que é recordado com saudade no Benfica. Não sei se não estará ligado a longo prazo ao projecto do Manchester City, pelo que será difícil de alcançar, e pode até ser incomportável, mas é dos meus favoritos.

Thiago Neves

2ª escolha: Cajuda

A minha segunda escolha seria Trapattoni, no entanto a “velha raposa” aceitou recentemente um convite para orientar a selecção da República da Irlanda, ficando indisponível.

Cajuda é um Benfiquista confesso, que eu muito admiro, treinador entusiasmante, e que pratica no Guimarães um modelo descomprometido e de princípios ofensivos. Salvo as devidas diferenças em dimensão, eu diria até que o Vitória é um clube que me parece semelhante ao Benfica no relacionamento apaixonado com os seus adeptos. Também por isso, penso que Cajuda, que não seria unânime à partida, poderia cativar a massa associativa, com o discurso muito agradável que tem, além da competência técnica e de um football ofensivo e espectacular.

Vetos da semana

Os vetos da semana vão para: Zaccheroni, Malesani, Fatih Terim, e Scolari. Os primeiros três não me parecem que tenham o conhecimento aprofundado do football Português, e do contexto Benfiquista. Além do mais não sendo treinadores incontestáveis nem com um percurso de sucessos e títulos, ainda assim seriam treinadores caros.

Em relação ao Sargentão, nada contra ele, mas o final do Europeu é muito tarde para começar a preparar a época.

1ª escolha: Mourinho

Pode dizer-se que é um lugar-comum, apontar Mourinho como primeira escolha para treinador. Afinal foi o preferido numa recente sondagem do jornal A Bola, reunindo mais de metade das preferências. É Português e teria a incontestabilidade dos adeptos. Mas Mourinho provavelmente pensa no Benfica como num Unicórnio sagrado. Será o clube que ele provavelmente vê como maior desafio humano e técnico, mas aquele onde também reconhecerá, mais facilmente se arriscará a perder o estatuto de Deus do football. É que Artur Jorge já chegou ao Benfica com estatuto semelhante, e depois nunca mais foi o mesmo...

O Special One, compensaria a falta de estrutura com o seu gigantismo, o que por um lado também poderia ser um problema para as disputas de poder do Presidente. Outro problema que vejo, é saber onde ficaria Rui Costa no meio de tudo isto... É que com Mourinho o Benfica não contrataria um treinador, contratava alguém para vir mandar no Benfica. Para mim que estou um pouco farto das bazófias do Presidente Luís Filipe Vieira, agrada-me, mas escolher Mourinho para treinador era escolher um Presidente para o Benfica, não democraticamente, para dirigir o Benfica do banco.

Tenho indicações não oficiais que Mourinho esteja a estudar uma aproximação do Benfica, levada a cabo por Luís Filipe Vieira e com o suporte de entidades bancárias, garantindo ao treinador Português um orçamento de contratações razoável. Ou seja, Mourinho neste momento não é só o meu preferido, como é o mais provável.

O Treinador: Perfil

Depois de definido o modelo de jogo, o Benfica precisa de contratar um treinador competente. Muitas vezes se usam aqueles lugares comuns no football, no caso do treinador é o conceito de “perfil”. Mais do que uma vez na gestão desportiva de Filipe Vieira ouvimo-lo falar que já sabe qual será o perfil do treinador. O que é isto do “perfil” do treinador? À partida até poderíamos pensar que o “perfil”, é coisa de jogos de simulação de treino de football, qualquer coisa tipo um conjunto de atributos pretendidos no Search do Football Manager.

Ao longo da história de gestão desportiva de Luís Filipe Vieira observamos, que ou o perfil que ele vai definindo para treinador todos os anos é diferente, ou é mais conversa de fanfarrão. Trapattoni - incontestável em sucesso na sua carreira, experiente, com a competência e inteligência/esperteza Italianas; Camacho - independente, pretendido pelos Benfiquistas pelo seu carisma determinação e frontalidade; Koeman - treinador jovem, ambicioso, com o conhecimento que a sua carreira ainda recente, como jogador, lhe deu do football ao mais alto nível; e Fernando Santos - Português Benfiquista, conhecedor do football nacional com sucesso interno, um estudioso do football, inteligente mas inocente e conservador.

Na definição do perfil do próximo treinador, o Presidente deverá ter em conta, que mais do que a competência técnica, um treinador do Benfica para ser bem sucedido, tem de ter apoio do maior número possível de factores de entre: adeptos, director desportivo, direcção, jogadores e restante equipa técnica.

Por exemplo no caso de Trapattoni, se objecto de alguma contestação, defender sempre os seus jogadores, mantendo o apoio construtivo dos adeptos à equipa e as atenções destrutivas sobre si mesmo.

Daí a tendência para o treinador estrangeiro, é que os Benfiquistas parecem ser muito mais condescendentes com os estrangeiros. Para arriscar em treinadores estrangeiros caros, e que não tem o mesmo conhecimento do football nacional que os treinadores Portugueses, o Benfica tem de ir buscar um incontestável. Malesani não é incontestável, assim como muitos dos nomes que tem vindo a público.

Por outro lado um treinador Português conhece muito melhor o contexto e actual situação do Benfica, e o football Português. Mas teria também de ser alguém que suscitasse algum respeito nos adeptos. Tenho lido em muitos blogs e fóruns, que existem muitos adeptos Benfiquistas que ficariam agradados com Peseiro no Benfica. Nada a apontar em termos técnicos à competência de Peseiro, mas com as suas dificuldades na comunicação exterior que se revelam na motivação dos adeptos, pergunto-me quanto tempo duraria até ser assobiado depois do primeiro revés. Só alguém com a seriedade e lealdade de Dias da Cunha conseguiria apoiar daquela maneira, até ao fim, um treinador.

Para mim tem de ser um nome suficientemente unânime, para que os adeptos apoiem a equipa, e não se transformem na pressão que torna muitas vezes insustentável a continuidade do treinador. Se possível contratar mesmo um daqueles nomes mobilizadores e entusiasmantes, e garantir que o mesmo aceita o projecto de footall do Benfica. Depois compete a todos os profissionais do clube facilitarem a vida ao treinador, e mesmo que nalgum momento haja uma crise desportiva, com a certeza que se escolheu a pessoa correcta, manter o apoio incontestável ao treinador. Apoio incontestável tem de vir de toda a estrutura do Clube e da SAD. É que ultimamente os “papagaios”, que eu prefiro chamar de inimigos internos, são os que mais feridas tem feito ao Benfica.

Entrevista de Camacho ao Correio da Manhã

Camacho concedeu ao Correio da Manhã uma extensa entrevista onde aborda a sua saída do Benfica, e vários temas relacionados. É de leitura obrigatória para todos os Benfiquistas.

De destaque, a hipocrisia do Presidente do Benfica, quando afirmou na conferência de imprensa que tentou demover o treinador Espanhol da sua decisão. É que na entrevista Camacho desmente Luís Filipe Vieira e diz que nenhum responsável do clube insistiu na sua continuidade. É aliás, já a segunda vez que Camacho desmente Luís Filipe Vieira. A primeira foi quando disse que durante as férias de Verão que passou com o Presidente do Benfica este já o teria abordado para substituir Fernando Santos.

Benfica: o futuro

O Benfica joga esta jornada o segundo lugar, sem que os Benfiquistas saibam ainda qual o futuro treinador do Benfica, admitindo que Chalana não continuará para além do final da temporada. Com a demissão de Camacho o Benfica terá ganho tempo para fazer a escolha. Mas mais que um treinador o Benfica precisa de definir o projecto de futuro, um modelo, uma filosofia.

Não faz muito tempo que (com a melhoria das infra-estruturas da formação do Benfica), se iniciou uma política ambiciosa de formação, em que supostamente o clube apostaria num modelo de jogo uniforme entre a equipa principal, e os escalões de formação, tendo como objectivo a melhoria da ligação entre a equipa e a formação, e potenciar e facilitar o lançamento na equipa profissional dos jovens formados pelo clube. O modelo escolhido foi o 4-3-3, e entre entrevistas aos responsáveis da formação e ao Presidente entendia-se que este teria sido um dos mais importantes passos do Benfica nos últimos anos.

Como opinião pessoal, diria que o 4-3-3 é o meu esquema preferido, quando jogado com um pivô singular defensivo, à semelhança do que acontece no Porto. Permite um football ofensivo (que é o que se pretende num football macrocéfalo como o Português, para as equipas grandes), com a utilização de extremos e jogadas de bom football, e onde a subida dos interiores, e o movimento interior de um extremo mais polivalente, pode facilmente criar soluções na área (à semelhança do que Lisandro faz no Porto). A tripla do miolo, e a competitividade dos médios interiores, e a utilização porventura de extremos com capacidades defensivas podem também servir em jogos mais complicados na Europa onde se defrontam equipas muito poderosas.

Imediatamente depois de tanta auto-propaganda à nova era da formação chegou Fernando Santos, o Benfica contava perder Simão, e tinha Rui Costa, Petit, Katsouranis, Nuno Assis, Karagounis e ainda Karyaka. . A dupla de avançados Nuno Gomes e Miccoli parecia mecanizada. Nem Manu nem Paulo Jorge convenciam, e Geovanni saiu do clube inexplicavelmente. Naturalmente o treinador do Benfica decidiu que o sucesso imediato do Benfica passaria por outro sistema de jogo, e já se sabe que ao treinador são pedidos resultados imediatos. A verdade é que todas as condicionantes ao seu trabalho o empurravam para o 4-4-2 semelhante ao que já tinha implementado no Sporting anos antes. Para mim o erro do Engenheiro terá sido quando se soube que afinal Simão ficaria no clube, Fernando Santos devia talvez ter deixado cair o seu sistema preferido, e voltar a um 4-3-3. A utilização deste sistema “manco”, entenda-se com apenas um extremo, não era inédita, e relembro-me de alguns jogos do Porto de Mourinho com pleno sucesso. Simão oferece garantias de poder jogar em ambas as alas, o que facilitaria a utilização de apenas um extremo de raiz. Fernando Santos entendeu continuar com o sistema da sua preferência. O Benfica adiava um ano o “Projecto 4-3-3”.

No ano seguinte o Benfica deixava sair Simão, Paulo Jorge e Manu não iam fazer parte do plantel, nem tinham qualidade para tal, e o único extremo natural que o Benfica tinha era Di Maria, um jovem com imenso potencial, mas com 19 anos e que vinha tarde e lesionado. Apesar do tempo que Luís Filipe Vieira teve para construir a equipa em torno dum modelo de jogo, o projecto amplamente divulgado, pouco mais de um ano depois era protelado pelo menos mais um ano, ou mesmo esquecido, porque no Benfica de Luís Filipe Vieira todas as épocas (e a meio das mesmas) se iniciam ciclos novos.

Li recentemente que Rui Costa definiu novamente o 4-3-3 como sistema de jogo do Benfica do futuro. E é assim que tem de ser numa equipa grande, a estabilidade e continuidade parte também das filosofias e métodos, antes de depender só da continuidade das pessoas. O Benfica deve apostar num projecto de football moderno e atacante, que não seja alterado todos os anos. O treinador que vier, além de competente, e que terá certamente as suas ideias, deverá aceitar uma ideia de football pré-definida, e alterações dramáticas no modelo de jogo, devem ser vistas como excepções particulares, e não como solução de futuro.

Getafe

Amanhã é para irmos ganhar a Madrid. Tenho imensa empatia por Chalana, e acho que vai fazer um bom trabalho até ao final da época. Sempre que tem tomado conta da equipa tem feito inovações interessantes. Se Miguel hoje é um bom lateral e não um mediocre extremo, deve-o a Chalana. Força Benfica!

Newsflash!

Esta adianto eu, Camacho será treinador do F.C. Porto na época 2009/2010. Jesualdo vai comandar os destinos do Porto mais um ano, e depois entra o espanhol.

O sucessor de Camacho é...

Quem treinará a equipa contra o Getafe será Chalana, mas eu sei que os responsáveis do Benfica já estão a pensar na sucessão. Preparei uma shortlist com os nomes que prevejo serem possíveis treinadores do Benfica, por ordem de probabilidade. Alguns dos quais agradam-me, outros nem por isso, mas posso adiantar com alguma segurança que são estes os nomes em cima da mesa. Dizem-me as minhas fontes, e a minha intuição que não deverá fugir muito a isto:

  1. Treinador Italiano (por indicação de Rui Costa);
  2. José Mourinho;
  3. Humberto Coelho;
  4. José Peseiro;
  5. Manuel Cajuda;
  6. Paul Le Guen.

Camacho

O Benfica prepara-se para ter o terceiro treinador esta época, agora que Camacho se demitiu. Algo vai muito mal no Benfica, quando se despede um treinador à 2ª jornada por um empate fora, mas passados seis meses é necessário ser o treinador a perceber o que é o melhor para o Benfica, porque a direcção manteria a passividade perante a decadente performance caseira do Benfica.

Numa coisa Filipe Vieira tem razão, a maneira como Camacho está no football, é de admirar. Não estava agarrado ao lugar, onde o seu ordenado principesco o parecia manter acomodado à falta de ambição da equipa. Sai com dignidade e seriedade, e isso nos dias de hoje é realmente raro no football Português.

Quem não está a ser sério no meio disto tudo, é o Presidente do Benfica. Ofereceu a cabeça de Fernando Santos aos adeptos, colando-se à ideia que o treinador português era o responsável por tudo o que de mal vinha a acontecer no Benfica e que a sua saída era a solução para tudo. Ainda à coisa de um mês promete aos sócios um novo ciclo no Benfica, e passado um mês tem de ser o treinador a tomar uma decisão para o melhor do Benfica.

Camacho não conseguiu em seis meses, incutir ambição nos jogadores, definir e mecanizar um sistema de jogo, evoluir os prodigiosos jovens de que dispõem. Como positiva na passagem do treinador espanhol vejo apenas a revelação que foi Bynia. A verdade é que o Benfica com Fernando Santos era muito mais forte, e esta segunda passagem pelo Benfica do treinador espanhol foi um passo atrás.

Já tinha dito que não gostei da primeira passagem de Camacho pelo Benfica, pela forma como se referia aos seus jogadores nas conferências de imprensa, afinal voltou e convenceu os restantes Benfiquistas daquilo que eu já sabia, que não é um treinador de sucesso, e não é um treinador para o Benfica.

Em comum nas duas passagens pelo Benfica encontro à primeira vista o elevado número de lesões que dizimaram o plantel em ambas as épocas. Lembro-me que Camacho responsabilizava as fracas condições de treino que se viviam no Benfica naqueles dias pelas lesões. Dizia ele que a alteração repetida dos locais de treino, e a falta dum centro de estágio contribuía para o elevado número de lesões. Hoje o Benfica tem condições de treino belíssimas, como o treinador espanhol já reconheceu, mas as lesões surgem em catadupa.

Camacho saiu do Benfica a primeira vez, referindo inúmeras vezes que o Benfica tem de ter os melhores jogadores do mundo para ser realmente grande, que Ronaldinho devia ter vindo para o Benfica. Quando chegou a Madrid treinou um plantel de galácticos com os melhores do mundo, os melhores que vi jogar, e também não ficou satisfeito. Camacho é o eterno descontente.

Mas o treinador espanhol está longe de ser o principal responsável, aliás e por definição o principal responsável é sempre quem manda, e quem manda neste Benfica ainda é Luís Filipe Vieira. Ou muito me engano ou Luís Filipe Vieira ficará na história como o mais contraditório Presidente do Benfica de sempre, começou por uma recuperação louvável da credibilidade e das finanças do clube, para conseguir ele mesmo prejudicar o excelente trabalho que fez, com uma desnorteada e amadora gestão desportiva.

Os queixinhas!

O estilo dos responsáveis e comentadores do Sporting continua igual a si próprio, constantes queixinhas do árbitro, e reivindicações sobre situações de lances de erros realmente grosseiros misturados com lances legais e que expõem os comentadores ao ridículo.

Admito que o Sporting em balanço dos erros de arbitragem do derby do Eng. Paulo Paraty, terá sido prejudicado, mas os responsáveis e comentadores não têm necessidade de extrapolar para o ridículo. Veio novamente à discussão a arbitragem de Pedro Henriques na Luz, onde se chega a dizer que ficaram duas grandes penalidades por assinalar, uma que existiu mesmo (em oposição à que ficou por marcar sobre Adu), e outra que não existindo o árbitro tinha a obrigação de assinalar porque não pode ignorar a indicação do árbitro auxiliar.

Em relação aos casos de arbitragem, a situação mais óbvia, e que foi realmente um erro grosseiro do árbitro, diz respeito à grande penalidade que ficou por assinalar de Léo sobre Vukcevic, no entanto garantem-me pessoas da minha confiança que terá havido falta sobre Léo no inicio da jogada, que as repetições a que tive acesso não mostram.

No capítulo disciplinar, também houve erros, se o critério do árbitro dita a expulsão de Nélson, na minha opinião aceitável, mas por uma entrada sem consequências graves no contacto com o adversário, mas mais pelo aparato e irresponsabilidade do lateral Benfiquista na forma como se faz ao lance, tem também de expulsar Tonel pela entrada que sem aparato visual, resulta no contacto maldoso da bota do jogador com o joelho de Cardozo, e que essa sim pode ter consequências físicas. Devia também ter exibido o vermelho a Katsouranis por uma entrada que ainda que não seja muito perigosa, é anti-desportiva, e não tem como objectivo nem que remotamente, jogar a bola. A expulsão de Cardozo devia também ter acontecido, ainda que se perceba que o árbitro numa situação daquelas fora do contexto do jogo, possa não ter visto.

Em relação aos lances que o árbitro ajuizou bem, os comentadores dizem que o canto que precedeu o golo do Paraguaio não existiu, nem a falta precedente. Em relação ao canto, nas inúmeras repetições que vi, não é claro em qual jogador a bola tocou antes de sair. Os comentadores Sportinguistas juram no entanto que foi Katsouranis o último a tocar na bola. Uma coisa é certa, estava um jogador do Benfica no lance, e dois do Sporting. Já a falta sobre Di Maria é óbvia e existe, e relembro que para existir falta não é necessário que o jogador caia, ou perca a posse de bola. Houve realmente um contacto do jogador sportinguista na perna de Di Maria que não o atirou ao chão mas prejudicou o suficiente para o jogador pisar a bola, e não conseguir sair a jogar.

Existe uma queda na área de Purovic, que a ser falta, só mesmo falta de jeito do avançado Sportinguista, que se encosta para trás para ganhar posição, até empurrar o seu marcador e depois cai sobre o mesmo, correndo de seguida para o árbitro com modos muito pouco apropriados. É um infant terrible este Purovic, faz lembrar o Edmundo, só lhe falta mesmo é saber jogar à bola para serem iguais. Vi à pouco tempo uma entrevista em que diz “os árbitros irritam-me”. Não sei se existem mais pessoas, entre os adeptos do Sporting, que como ele estão irritadas com os árbitros, do que as que estão irritadas com a falta de talento para jogar à bola do avançado.

Por fim o lance da suposta grande penalidade por mão na bola de Miguel Veloso é sem dúvida um lance casual, e esteve bem o árbitro ao não assinalar. O curioso neste lance é a semelhança com o lance da primeira volta, onde o árbitro Pedro Henriques foi criticado por não assinalar a mão de Katsouranis. Lances parecidos, com a diferença que o jogador Grego tinha a mão junto ao tronco numa posição irrelevante para o decorrer do lance, ao contrário do jogador Sportinguista.

Mas de acordo com muitos Sportinguistas, não fossem os erros de arbitragem e os mesmos não estariam em quinto lugar. Pergunto-me então qual a razão de tanta insatisfação dos adeptos com o football do Sporting?

Vem-me à memória Co Adriaanse

O Benfica hipotecou as suas hipóteses de passar esta eliminatória da Taça Uefa, e terá posto em risco uma das duas chances que ainda têm de salvar a época de uma conclusão desastrosa a nível desportivo. Desta vez não foi por falta de fio de jogo, nem por insuficiente atitude, mas sim por um erro individual inadmissível do ponta de lança Cardozo.

Gosto muito do jogador Paraguaio, mas espero que o Benfica haja de forma exemplar, ao multar Cardozo, de forma a passar a mensagem clara que este tipo de atitudes anti-desportivas, que apenas prejudicam a própria equipa são intoleráveis.

O culpado foi Cardozo, mas o responsável é mais uma vez Camacho. Quando defendeu Bynia, e criticou os seis jogos de suspensão Europeia por entrada violenta, e quando provavelmente deixou passar em branco a agressão de Cardozo no jogo passado a Tonel. Era importante que após os jogos o treinador visse as gravações, e tentasse corrigir vícios e erros em situações a nível táctico, técnico e também disciplinares e de mentalidade. Camacho terá de perceber que este tipo de atitudes prejudica a própria equipa, e a punição não pode esperar pelos órgãos externos (sumaríssimos, etc).

Isto tudo faz-me lembrar, e pela positiva, a passagem do treinador Co Adriaanse por Portugal. Era vaidoso, mas no pouco tempo que cá esteve, foi uma agradável surpresa pelo que trouxe de novo ao football Português. Aquando duma cotovelada de McCarthy a um adversário, num jogo do Porto, Adriense substitui o jogador imediatamente por conduta anti-desportiva. A isto chamo uma atitude pró-activa.

Destaque positivo para a atitude e entrega dos jogadores do Benfica, e pela negativa apenas Katsouranis e uma completa inadequação à posição de pivot defensivo, na compensação dos contra-ataques. Como já venho dizendo à muito tempo, o jogador tem grandes dificuldades no capítulo dinâmico do jogo.

O descalabro!

Tenho andado ocupado com exames, pelo que não tenho tido muito tempo para escrever no blog. Mas a verdade é que o estado actual do football do Benfica é triste o suficiente para não me dar vontade de escrever nada.

Li recentemente o livro do José Veiga, Como Tornar o Benfica Campeão. Sempre disse que o director desportivo foi importantíssimo na forma como blindou o balneário. Era algo que transparecia cá para fora, e que resultava numa equipa acima de tudo unida. Mas o que é que significa ter um balneário blindado? Em concreto o que é este conceito de “balneário blindado”? A todos os que queiram realmente saber, aconselho a leitura do livro. É de leitura fácil, demorou-me umas quatro horas a ler com atenção, e contém até muitos episódios cómicos geralmente não relacionados com o Benfica, mas com a vida de agente desportivo de José Veiga. Mas do ponto de vista de Benfiquista, nem é preciso que mais de metade do que lá está escrito seja verdade, para ficar preocupadíssimo com a gestão desportiva de Luís Filipe Vieira. Fiquei verdadeiramente assustado!

Sou um frequentador ininterrupto dos jogos em casa do Benfica, e por isso ainda mais triste é isto tudo para mim. O Benfica joga mal, em casa e fora, mas em casa é especialmente ineficaz. Fora vai aproveitando o maior atrevimento de equipas pequenas que já nem temem o Benfica, e chamam a si a responsabilidade do controlo de jogo, deixando espaço atrás, que a qualidade colectiva do Benfica não sabe explorar, mas que a capacidade individual de alguns jogadores vai disfarçando o pior Benfica que já vi jogar.

Camacho não me parece minimamente preocupado com o estado da qualidade do football que o Benfica pratica. Não é football directo, é football descoordenado de pontapé para a frente. As equipas que praticam um football directo tem qualidade na execução do mesmo, o Benfica não conseguiu ainda uma boa jogada de football directo. Chamar football directo ao que o Benfica faz, é uma ofensa a equipas Inglesas, Germânicas e Italianas que fazem desta filosofia um sucesso com qualidade de jogo associada.

O Benfica não tem fio de jogo nem um sistema. Oscila consoante o resultado e outros factores um pouco aleatórios entre o 4-4-2, e o 4-2-3-1. O Benfica tem apenas um extremo capaz que é Di Mária, e que ainda é muito novo, tem falta de flanqueadores ofensivos para os avançados que tem, o que apenas podemos concluir ser a total descoordenação entre equipa e contratações. Camacho não abdica de dois trincos, isto quando não usa dois trincos e meio, com um jogador interior na ala como Maxi, na melhor das hipóteses Nuno Assis, que é muito mais médio de transição que ala. Com o Braga as ligeiras melhorias no football do Benfica foram devidas a uma inversão do triângulo de meio campo, para um 4-3-3, ou 4-1-4-1.

Em termos individuais o Benfica vai vivendo do inesgotável talento de Rui Costa, e até jogadores de classe como Petit, não se revêem no football do Benfica. Pior do que isso, para o ano o maestro já não joga, e a incompetência do Presidente não consegue impedir a saída dos grandes jogadores, o caso Léo é inadmissível, e não segura a continuidade duma boa surpresa que foi Rodriguez.

É preciso que alguém diga ao Presidente, que os adeptos vão ao estádio para ver o Benfica jogar, com jogadores como Léo, Miccoli, Simão, Karagounis e Rodriguez, e que o estádio tem estado este ano bem despido. Se é verdade o que diz a revista Mística, que 35% das receitas do Benfica provêm das receitas de bilheteira, é fácil perceber porque razão o Benfica rapidamente saiu da lista dos vinte mais ricos. É que se a gestão financeira de Luís Filipe Vieira foi realmente importantíssima na reabilitação do Benfica, a mesma é indissociável da gestão desportiva que tem sido no passado recente, ruinosa.

Agradou-me imenso a recente declaração de Rui Costa, no final do jogo com o Sporting, sobre a renovação de Léo. Depois do lateral esquerdo ter dito que não continuaria no Benfica na próxima época porque nem sequer têm havido negociações, Rui Costa terá indirectamente admitido que será ele a tratar estes assuntos no Benfica do futuro, ao declarar que o Benfica ainda terá uma palavra a dizer na continuidade de Léo. É preciso Rui Costa (para além de jogar) perceber quem o Benfica deve manter, porque infelizmente o nosso Presidente está a dormir!