Cowboyadas, Regabofs, e Salsifrés. Tudo isto só cá no burgo!

Independentemente do resultado dos recursos, para aqui e para ali, uma coisa já se pode concluir: a má imagem que o nosso football está a dar na UEFA. Apenas por manifesta falta de credibilidade na FPF, é que a UEFA preferiu remeter tudo novamente para a primeira instância, onde o Benfica e o Guimarães, iriam poder ser parte assistente neste processo, e apenas por descrédito no nosso football e justiça desportiva, a UEFA anulou a suspensão ao F.C.P, com medo que mais tarde tivesse de ressarcir o Porto de uma eventual pena, se de futuro o seu Presidente fosse ilibado.

Para mim, é óbvio que a UEFA não acredita na FPF e aos seus representantes, e tem medo que algo possa ser branqueado, se outras partes com interesses opostos não forem ouvidas. Na comunicação social, já podemos ver diversos excertos dos diálogos dos juízes com João Leal. Entre eles a pergunta sobre os regulamentos, se em Portugal a tentativa de corrupção não dá descida de divisão. Uma pergunta venenosa e claro indicio da desconfiança da UEFA em relação ao regabof que vai cá no burgo.

O Benfica faz a figura do “queixinhas”, porque a UEFA não confia no que a FPF tem para mostrar e dizer, ou neste caso, não mostrar e não dizer. Como é óbvio os interesses do Benfica, podem ser mais do que a simples credibilidade desportiva, ganhando assim acesso na secretaria a uma prova onde não demonstrou competências para participar em campo. É feio que o Benfica se tivesse tentado aproveitar desta situação e garantir assim acesso à Champions, numa das mais penosas épocas do seu historial? Claro que sim! Mas a UEFA passou um atestado de não credibilidade à FPF, e ao nosso football em geral, e preferia que alguém com interesses completamente opostos, apresentasse provas, que de outra forma perceberam que não seriam apresentadas.

Não ficava contente se o Benfica ganha-se acesso à Champions pela secretaria, mas pelo menos mostraria, que alguém, entre UEFA, CD e CJ, tinha punido o Porto, porque era inaceitável para alguém que se recebessem árbitros em casa, em véspera de jogo, ou que se pagasse fruta, café com leite e chocolatinhos a árbitros. Pelos vistos isto é tudo aceitável! Não me choca que o seja na FPF, logo à partida um órgão presidido por Gilberto Madaíl, deve ser tudo menos exemplo de competência, seriedade e transparência. Não me choca a UEFA, que perante as indecisões da FPF, não pode arriscar a penalizar o Porto, se à posteriori o clube for ilibado. No lugar da UEFA tinha feito o mesmo. Choca-me é a reacção dos adeptos do Porto. “Foi reposta a verdade”. Afinal de que verdade estão a falar? Da verdade do Porto ter sido a melhor equipa este ano? Ou da verdade que se recebem árbitros em casa em vésperas de jogo, e que se ofereceram prostitutas a árbitros? Estes factos pelos vistos em nada incomodam os adeptos do Porto. Já não é uma questão de inocência, é uma questão de tudo isto ser aceitável.

Eu pergunto-me se não há um só adepto do Porto, que repudie estes comportamentos. Esqueçamos as punições, os pontos, as descidas de divisão, as suspensões na UEFA. Nenhum adepto fica envergonhado pelos actos do Presidente de uma instituição que nos merece respeito, como é o caso do F.C. Porto?

A corrupção é para todos os efeitos um fenómeno que associo às pessoas e não às instituições. Instituições que são maiores que os seus órgãos sociais. O Porto é mais que apenas e só Pinto da Costa. Onde está a verdadeira defesa ao Porto? Onde estão os adeptos do Porto que repudiam as acções do seu Presidente que apenas denegriram a imagem do F.C. Porto? Será que o Porto começa e acaba em Pinto da Costa?

Onde está o Miguel Sousa Tavares? A acusar o Benfica de ser “queixinhas”. Será que é isso que serve os superiores interesses do seu suposto clube? Até agora só vejo adeptos a servirem os interesses do seu Presidente, para o bem e para o mal.

Não que os factos provados tenham sido a única situação passível de crítica. Quem safou os dirigentes do Porto, pelo menos adiou a hecatombe que ainda é bem possível que aconteça, foram os órgãos da FPF, que decidiram fazer o trabalho que o gabinete jurídico do Porto não fez, e associar dois recursos num único. Só um conjunto muito particular de adeptos iludidos, e que já terão perdido todo e qualquer sentido de democracia no seu clube, acredita que a decisão de não recorrer do castigo imposto ao Futebol Clube do Porto, foi premeditada, tendo consciência dos requisitos de participação nas provas da UEFA. Nem Miguel Sousa Tavares acreditou nisso. O clube que tem sido sempre exemplo de organização em Portugal, teve de demonstrar a sua competência a nível jurídico, e apenas não falhou porque a FPF foi célere em dar uma abébia.

As comparações com o calciocaos ficam mesmo por aqui. Por Itália os órgão que visam o regulamento interno, deram uma resposta cabal para toda a Europa, de capacidade de auto-regulação. Por cá os órgãos (ir)responsáveis tentam escamotear, e branquear o que se passou, julgou, e decidiu. Já todos sabíamos que o nosso football estava poluído, agora ficou a UEFA a saber das cowboyadas que acontecem cá no Burgo. Em minha opinião, a única maneira disto ir ao sítio, depois desta demonstração de completo regabof, era a UEFA suspender todas as equipas portuguesas na UEFA, e a selecção também. A selecção nacional tem servido de escapatória e distracção devido à competência de Scolari. Quanto tirassem os passeios ao Presidente da FPF é que ele percebia que era com ele.

Estão a dormir os adeptos do Porto, e estão também a dormir as mais altas patentes do desporto nacional. Onde estão Laurentino Dias e Gilberto Madaíl? Quem senão eles deveriam ser os protectores do desporto e football nacional? É uma demissão de interesse! Mais uma vez tinha razão Dias da Cunha, o nosso football não se consegue auto-regular, e precisa de intervenção urgente.

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